Mais coisa no ar além dos aviões de carreira

terça-feira, 01 de dezembro de 2015

Tenho certeza de que você leitor de jornal tem algo diferencial em relação àquelas pessoas que tomam conhecimento das notícias importantes do nosso dia a dia seja através de informação de terceiros ou através da propaganda no rádio ou televisão. Ainda mais quando ela é veiculada por partidos políticos em sua maioria, nem sempre confiáveis. Assim, os países nos quais a população tem acesso à mídia e se servem dela para se manter informada, não por acaso, são aqueles ditos do primeiro mundo, o que não é o nosso caso. A França, por exemplo, dispõe de 107 jornais e 28 revistas, que abrem um leque de informação aos cidadãos e os capacitam a formarem suas próprias opiniões.

Os acontecimentos da última semana em que um senador da república foi preso (diga-se de passagem, mais um gol do PT, pois Delcídio Amaral é o primeiro senador da história republicana brasileira a ser trancafiado) juntamente com um banqueiro, um advogado e o secretário do senador, mostram até que ponto nossos políticos e empresários agem sem nenhum pudor, em função da certeza da impunidade ou do desconhecimento que acomete a maior parte do nosso povo.

Se a maioria da população brasileira fosse politizada ou tivesse maiores informações sobre o caráter dos nossos políticos tenho a convicção de que Luis Inácio  não teria sido reeleito e Dilma jamais seria eleita ou reeleita. Bastaria o conhecimento prévio da história de ambos para que se entendesse não serem portadores da capacidade exigida para o mais alto cargo da república. A falta de rumo de nossa presidente é tal que ela é capaz de se deslocar a Nova Friburgo para inaugurar casas populares e deixar de comparecer ao local do maior desastre ecológico do país, com reflexos na população de dois estados, Minas Gerais e Espírito Santo. Claro que nossos desabrigados são tão importantes quanto aqueles, aliás já deveriam estar todos assentados há muito tempo, mas que essa visita foi uma busca à popularidade perdida, não tenho a menor dúvida.

O petrolão, ou operação Lava Jato, é um retrato fiel de como anda a nossa classe política tantos são os deputados e senadores comprometidos com a corrupção instalada na Petrobras. Não é possível que Luis Inácio mostre perplexidade com tamanho descalabro, quando sabidamente tudo começou no seu governo. Lembrem-se que o ex-deputado José Dirceu, cassado em 2005, era na época chefe da Casa Civil do seu primeiro mandato e ocupava uma sala contigua à do presidente da República. Podemos dizer o mesmo de Dilma, que antes de ser presidente foi ministra das Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente do Conselho Administrativo da Petrobras, no segundo mandato de seu antecessor. Alegar desconhecimento do que ocorria na Petrobras é, no mínimo, tentar passar um atestado de burrice no brasileiro com acesso à informação.

As gravações feitas por Bernardo Cerveró, filho de um dos ex diretores da estatal do petróleo preso em Curitiba, Nestor Cerveró, mostra o cinismo e o grau de desprezo que os políticos brasileiros demonstram para com as instituições e para com os eleitores. Um senador da república discute abertamente uma maneira de comprar o silêncio dele, trama sua fuga do país, citando a possível participação de alguns membros do STF (Supremo Tribunal Federal), através da concessão de um habeas copus para relaxar a sua prisão. Na realidade arquitetavam o fim da operação Lava Jato que ainda vai revelar muita podridão não no reino da Dinamarca, mas de Brasília.

O Brasil passa por uma etapa muito delicada em que o presidente do Senado está sob suspeição, o da Câmara dos Deputados ameaçado de processo na Comissão de Ética, a presidente com um nível baixíssimo de aprovação e a inflação retornando pouco a pouco, uma ameaça concreta à estabilidade do real. Além disso, a indústria botou o pé no freio, com receio de novos investimentos, em função da crise político financeira por que passa o país.

Está mais do que na hora do brasileiro acordar e mostrar a sua cara, pois são os seus impostos que movem a máquina administrativa e faz o país funcionar. É preciso esclarecer uma parcela importante da população, para que o voto, nas próximas eleições seja mais consistente e consciente.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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