A imprensa comprometida, a ética ameaçada

terça-feira, 07 de agosto de 2018

O ocorrido com o candidato Jair Bolsonaro, nos debates televisivos da TV Cultura e Globonews, mostra que o Brasil tem de ser repassado a limpo em todos os setores. Não só a justiça, a política, a economia, mas também outros setores onde, principalmente, a mídia se insere. 

Nos bancos escolares, é ensinado aos futuros jornalistas que o profissional de imprensa é um difusor de um fato; ele não deve tomar partido no desenrolar da notícia em si, sendo seus comentários emitidos no sentido de esclarecer o leitor e não de influenciá-lo. A interpretação do fato e a sua assimilação ficam por conta de quem se interessa pelo ocorrido.

O programa Roda Viva, comandado por Roberto Lessa, um ex-participante do MR-8 (um movimento revolucionário surgido com a revolução de 1964) foi um horror em termos jornalísticos, um verdadeiro massacre ao candidato Jair Bolsonaro. O tema mais recorrente desse programa de entrevistas foi uma volta ao passado, com perguntas e provocações ao candidato, referentes ao ocorrido durante o regime militar. Ora, a lei da anistia, boa ou ruim, foi aprovada pelo Congresso Nacional, composto de deputados e senadores eleitos pelo voto popular. Essa anistia foi geral, ampla e irrestrita, pois beneficiou, também, terroristas que se não torturaram suas vítimas, as mataram de morte morrida. Não cabe a um candidato discutir esse tema, pois ele não faz parte do contexto de programas de um postulante ao cargo de presidente da república. 

A jornalista Maria Cristina Fernandes chegou ao cúmulo de perguntar a Bolsonaro se no caso de ser eleito presidente da república, o eleitor poderia esperar dele a aceitação da prática da tortura como um instrumento de trabalho das forças policiais. Meu Deus, pensar que perdi tempo para escutar um tamanho disparate. Ainda bem que Jair é inteligente e ao ser questionado pela a morte de Vladimir Herzog, pelo aparato policial da época, questionou a morte do também jornalista Régis Carvalho, no aeroporto dos Guararapes, em Recife. Ele foi morto durante um atentado terrorista realizado pela AP (Ação Popular, grupo terrorista da época da revolução). Mas essa morte, os coleguinhas da imprensa nem mencionam. Não interessa. O sa crificado não era de esquerda, Vladimir o era. No entanto, foram duas mortes estúpidas.

O que ficou patente para mim, foi a tentativa de destruir um candidato líder nas pesquisas de opinião, e que com certeza não é o preferido da mídia, principalmente da Rede Globo. Esse não é o papel da imprensa.
Aliás, essa emissora patrocinou uma aula de como a mídia não deve proceder, em se tratando de matéria jornalística. O programa de Miriam Leitão, na Globonews, deveria ser exibido aos alunos de Comunicação Social, para ensiná-los que ética, conhecimento e jornalismo são um tripé importantíssimo na divulgação dos fatos. Bolsonaro ao ser acusado de ser partidário da revolução de 1964, respondeu dizendo que o sr. Roberto Marinho, presidente à época das organizações Globo, tinha escrito um editorial, no jornal O Globo, fazendo uma defesa do movimento de 64, dizendo que ele teria acontecido em prol da manutenção do regime democrático. Pegos de surpresa, os organizadores do programa costuraram uma resposta rápida. Enquanto isso, de propósito, ou orientada pelos produtores, Miriam deixou o microfone aberto. Isso é imperdoável.

Uma jornalista experiente como ela, não poderia gaguejar tanto ao ler o tele ponto e, obrigatoriamente, deveria ter dado uma tréplica para o candidato, ou, pela sua bagagem jornalística, se recusar a participar daquele jogo sujo. Foi alegado que em 2013, O Globo reconheceu o erro de tal apoio. Só que Roberto Marinho faleceu em 2013, portanto, o mea culpa global foi de terceiros. Miriam Leitão marcou um gol contra e comprometeu sua reputação.

Esses dois programas são uma constatação de como nossa imprensa está a serviço de terceiros, de uma maneira geral seguidores de regimes de esquerda. Uma imprensa comprometida com ideais comunistas e longe do seu papel maior de órgão informativo e formador de opiniões. Ou seja, transmitir de maneira isenta um fato, deixar para o leitor a interpretação desse fato e, a seu modo, dele tirar as suas conclusões.

 

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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