Hipotireoidismo: diagnóstico difícil, mas de fácil tratamento - 10 de março 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Quando anunciou sua despedida do futebol, Ronaldo, jogador do Corinthias, citou entre os acontecimentos que o levaram a tomar tal decisão, o fato de ser portador de Hipotireoidismo. Com isso tentou justificar seu aumento de peso e a sua má forma física, pois não poderia usar o medicamento prescrito por seus médicos, uma vez que ele seria considerado doping. Não vou entrar no mérito da questão uma vez que existem outros jogadores com a mesma doença, ainda em atividade e devidamnete medicados. Desde que o tratamento seja informado às respectivas federações, isso não constitui um impedimento para entrarem em campo e defenderem seus respectivos clubes.

O importante aqui é falar sobre uma doença muito comum em nosso meio, cujo diagnóstico, no início, não é muito fácil, mas uma vez confirmado não apresenta dificuldades no tratamento e acompanhamento.

A tireóide, juntamente com os testículos, são as glândulas endócrinas mais externas e visíveis de nosso organismo, as únicas que podem ser palpáveis e examinadas in loco. Tem uma importância muito grande no bom funcionamento do nosso organismo, pois os hormônios secretados por ela, a Triiodotironina (T3) e a Tetraiodotironina (T4) são responsáveis diretos por várias funções do nosso organismo. Por exemplo, é importante no sistema nervoso central, pois sua ausência no feto leva ao retardo mental; no sistema reprodutor pode causar infertilidade e diminuição da libido (falta de estímulo sexual); no sistema músculo-esquelético leva a um comprometimento do crescimento e da altura final, caso não tratado a tempo, além de fraqueza muscular, cansaço aos esforços e lentidão dos movimentos. Isso sem contar a sua valiosa contribuição na textura da pele, dos cabelos e das unhas.

Hipotireoidismo (hipo de pouco) é um mau funcionamento da Tireóide, com a consequente diminuição da produção de seus hormônios, o T3 e o T4, e o aparecimento dos vários sintomas decorrentes disso: depressão, diminuição dos batimentos cardíacos, prisão de ventre, menstruação irregular, diminuição da memória, cansaço (no início sem importância e que pode se tornar excessivo), dores musculares, sonolência, pele seca, unhas quebradiças, queda de cabelo, mucosas descoradas pela anemia, perda do apetite, tornozelos e rosto inchados, intolerância ao frio. Estas são as queixas mais frequentes e que levam o paciente a procurar o médico. No entanto, muitas delas são comuns a outras enfermidades, daí a importância de se consultar um endocrinologista, principalmente quando há dúvidas.

Entre as causas mais comuns da doença estão a falta de iodo na alimentação, pois como já vimos os hormônios tireoidianos têm iodo na sua composição; as tireoidites que são inflamações na glândula; o tratamento do hipertireoidismo com iodo radioativo, as cirurgias na tireóide e o uso da radioterapia no tratamento de alguns tipos de câncer no tórax, no pescoço e na cabeça.

O tratamento é feito com o uso contínuo de Levotiroxina (T4), a forma ativa do hormônio, numa única tomada pela manhã em jejum, mas o paciente deve permanecer em jejum por pelo menos mais 45 minutos após a ingestão do comprimido, para que não haja interferência na sua absorção. O tratamento repõe um hormônio que não é mais produzido ou tem sua produção diminuída, portanto a interrupção da medicação vai ocasionar uma recaída, com o reapareciemnto dos sintomas.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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