Grupo folclórico La Farandole de Courtepin

terça-feira, 09 de agosto de 2016

Em prosseguimento às festividades do mês de agosto, dedicadas à Suíça, tive a oportunidade de assistir, no Teatro Municipal Laercio Ventura, à apresentação do grupo folclórico La Farandole de Courtepin, pequena cidade que pertence ao cantão de Fribourg. Aliás, assim como nossas duas orquestras mais longevas, a Campesina e a Euterpe Friburguense, sua fundação data de 1938, portanto tem 78 anos de idade.

Composto por jovens, cuja idade média é de 23 anos, ela tem hoje 24 dançarinos e uma fanfarra com dez músicos distribuídos por vários instrumentos de sopro além de três que tocam o famoso “cor des alpes”, um instrumento com cerca de três de metros de comprimento, típico da região dos Alpes suíços, no princípio usado como meio de comunicação, já que seu som se propagava por longas distâncias.

Na realidade, a meta principal do conjunto é a difusão das danças populares, dos usos e costumes da região de Fribourg; assim tem participação ativa nos diversos festivais e manifestações culturais da região, e não hesita, quando convidado, a transpor as fronteiras do país e partir rumo ao estrangeiro, para divulgar seu repertório. São verdadeiros embaixadores do país, engajados na divulgação das suas tradições e da sua cultura.

Aliás, vale aqui uma observação que muitos se fazem: se Nova Friburgo é conhecida como a “Suíça brasileira”, porque não temos nenhuma identificação com aquele país, a não ser as várias famílias que aqui proliferaram, fruto da emigração de 1819, quando cerca de 1.200 helvéticos chegaram na Fazenda do Morro Queimado, atual Nova Friburgo?

Na realidade, essas famílias de camponeses fugiam da fome, em consequência de dois invernos muito rigorosos, que arruinaram a agricultura do país. Portanto, não impuseram, infelizmente, sua cultura, seus hábitos e costumes, movimento típico dos verdadeiros colonizadores. Tanto isso é verdade que a primeira providencia de um desses colonos, ao chegar, foi comprar no mercado local, dois escravos. Naquela época, a Suíça já era uma nação de homens livres.

Não fosse a ideia do brasileiro Ariosto Bento de Melo e do suíço Martin Nicoulan, em promover o primeiro encontro das famílias, de lá e de cá, em 1978, hoje não estaríamos organizando, em conjunto, o bicentenário da imigração e da fundação de Nova Friburgo.

Quando do hasteamento da bandeira Suíça, no último dia 1º, na Queijaria Escola, com a presença dos alunos do grupo escolar Vevey La Jolie, perguntei a uma das professoras se eles recebiam informações, na aula de História, sobre as origens de Nova Friburgo. Da mesma maneira que os alunos de ontem nada sabiam, os de hoje permanecem ignorando as suas origens.

Por isso a importância do La Farandole com a preocupação de manter viva a história de um povo. Seja nas canções, seja nas danças, seja nas vestimentas, seja na alegria difundida pelo grupo, as lembranças de suas origens estão sempre sendo renovadas e difundidas em todos os lugares pelos quais se apresentam.

Na realidade, tivemos uma quinta feira (último dia 4) mágica onde um grupo de jovens empolgou uma plateia de todas as idades, transformando a fria noite de inverno de Nova Friburgo, num momento de pura emoção e alegria. Partiram no dia seguinte de volta ao seu país, levando na memória o calor de um povo que se bem conduzido tem tudo para resgatar a beleza e a grandeza de suas origens.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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