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Glaucoma leva à cegueira, quando não tratado
sexta-feira, 07 de junho de 2013
Glaucoma é uma doença crônica do olho, caracterizada pelo aumento da pressão intraocular e que compromete o nervo ótico, levando a uma perda progressiva da visão e eventualmente à cegueira. Não tem cura — e pior, o seu início não apresenta sinais ou sintomas. Ele pode ser controlado, mas não curado, e é a segunda causa mais importante de perda da visão, ficando atrás apenas da catarata.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam sete milhões e seiscentas mil pessoas no mundo cegas bilateralmente pelo glaucoma. Infelizmente não existem dados estatísticos sobre a incidência no Brasil, principalmente porque nos países em desenvolvimento, aproximadamente 90% das pessoas não sabem que têm glaucoma e o diagnóstico é feito tardiamente. A doença afeta mais os indivíduos de raça negra do que a branca, e por isso a nossa incidência deve ser alta como nos Estados Unidos, um país tão multirracial como o nosso. O Medical News Today calcula que dois milhões de americanos tenham a doença.
A PIO (pressão intraocular) normal varia entre 12 a 23 mmHg (milímetros de mercúrio), com média de 16; no entanto um valor acima de 21 já é considerado alto, requerendo o início imediato do tratamento. O aumento da PIO vai acarretar lesões nas fibras nervosas que constituem a retina, de onde emerge o nervo ótico. Esse nervo tem como função transmitir ao cérebro as imagens que se formam na retina e que, em suma, nos permitem ver.
Pode ser crônico ou agudo. Quando crônico é caracterizado pela perda da visão periférica — que permite perceber os objetos ao nosso redor. Quando agudo, se dá porque a pressão interna do olho torna-se extremamente alta e causa perda súbita e grave da visão. Normalmente o risco de ter glaucoma aumenta com a idade, sendo sua incidência maior a partir dos quarenta anos. Existe ainda o glaucoma congênito, uma forma rara e que ocorre em crianças pequenas e a forma secundária do glaucoma, que surge como consequência de doenças oftalmológicas, das cirurgias oftalmológicas, do uso de corticoides e de outros medicamentos.
Por ser assintomático, a melhor maneira de sabermos se temos ou não a doença é o exame anual de vista, que todos devemos fazer, principalmente aqueles que completaram quarenta anos. O exame não é demorado e é indolor. O oftalmologista usa um aparelho chamado tonômetro ocular para medir a pressão intraocular e ainda um oftalmoscópio, para examinar o fundo do olho, principalmente a retina.
O tratamento deve começar tão logo se constate uma PIO (pressão intraocular) elevada, pois esta é a única maneira de se preservar a visão. Como toda doença crônica, a aderência às medidas propostas pelo médico é uma garantia de que a visão será conservada. Na maioria das vezes usam-se colírios cuja função é normalizar a PIO e nos casos de difícil controle, instala-se cirurgicamente uma válvula para tentar manter a pressão intraocular em níveis normais.
Na França, o Comitê da Luta contra o Glaucoma instituiu dez conselhos úteis com o intuito de preservar a visão daqueles que sofrem da doença:
l Após os 45 anos faça exame de vista com regularidade
l Se algum membro da sua família tem glaucoma, consulte um oftalmologista desde os quarenta anos
l Após a primeira consulta você deve repeti-la todos os anos
l É importante seguir o tratamento prescrito pelo seu médico, mesmo se você não sente nenhuma dor e respeite os horários recomendados por ele no uso da medicação
l Respeite o número de instilações de colírio indicado na sua receita
l Leia com atenção as bulas dos medicamentos que você usa, pois alguns podem ser contra indicados em caso de glaucoma
l Evite o fumo, pois ele agrava o risco de evolução para a cegueira
l Converse com seu médico sobre a sua limitação visual e os riscos que possam existir para dirigir
l Lembre-se que o diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível, pois disso depende a evolução favorável do Glaucoma.
l Consulte sempre um Oftalmologista. Somente ele pode diagnosticar, precisar o tipo e prescrever o tratamento correto.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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