Fluminense é campeão da Taça Guanabara 2017

quarta-feira, 08 de março de 2017

Num jogo eletrizante, podendo ser considerado o melhor da competição que se encerrou no domingo passado, o tricolor das Laranjeiras é o digno campeão da 53ª edição da Taça Guanabara. O título veio no confronto com o Flamengo, maior ganhador dessa competição, detentor que é de 20 títulos. O primeiro tempo foi por completo diferente da mesmice do atual futebol jogado no Rio, com os dois times partindo para o ataque, num ritmo alucinado, deixando a cautela de lado e buscando o gol a todo custo.

Para se ter uma ideia, aos quatro minutos Wellington, numa arrancada fulminante, depois de correr 74 metros, estufava a rede rubro-negra e levava a torcida tricolor ao delírio. Numa falha grotesca de Júlio César o Flamengo empatou, quatro minutos depois, e Éverton, aos 23, virou para o mengão, deixando o placar em dois a um. O Fluminense não se deixou abater, e melhor em campo, terminou o primeiro tempo na frente, com o placar de três a dois.

O segundo tempo foi mais comedido, pois começar um jogo de futebol às quatro horas da tarde, num calor de 36 graus chega a ser desumano. Mas, infelizmente, os clubes, no Brasil em geral e no Rio, em particular, têm de se submeter aos caprichos de uma emissora de televisão que é quem banca o patrocínio master. Aos 39 minutos do segundo tempo, numa cobrança magistral de falta, Guerrero empatou o jogo, levando-o para a disputa de pênaltis, onde Júlio César se redimiu de sua atuação desastrada durante toda a partida, e ao defender um dos pênaltis, garantiu o título ao clube da Rua Álvaro Chaves, sede do tricolor carioca.

Se o futebol saiu vitorioso ontem, com um jogo limpo, com poucas faltas e sem maiores tumultos fora e dentro do estádio, o balanço final da Taça Guanabara é negativo. Com a confusão nos arredores do estádio Nilton Santos, no sábado 12 de fevereiro, com a morte de um torcedor alvinegro, com a liminar impondo torcida única e com a dificuldade em se arrumar estádios para as semifinais e a final, a presença de público foi um fracasso, levando-se em conta o peso das torcidas dos times envolvidos. Fluminense X Madureira, Vasco X Flamengo e o Fla X Flu de ontem levaram menos de 50 mil torcedores aos estádios. Para se ter uma ideia, até a década de 90, um Flu X Fla, no Maracanã, mesmo não se tratando de uma disputa de títulos, era jogo para mais de 100 mil pagantes.

O resultado dessa bagunça em que se transformou o futebol do estado do Rio de Janeiro é que Vasco da Gama, Flamengo e Fluminense amargaram um grande prejuízo. Domingo, de uma carga de 40 mil ingressos, foram vendidos só 23 mil. Muitos torcedores temeram a violência que mancha o futebol brasileiro, preferiram assistir pela televisão, no conforto de suas casas. A continuar assim, não vai demorar muito e teremos mais gente assistindo às partidas do futebol de várzea do que nos estádios pelo Brasil afora. Mas, esporte é antes de tudo paixão, calor humano, e não existe frustação maior para um atleta que jogar para arquibancadas vazias. Menos mal que ontem um desembargador deu seu aval para que o jogo tivesse a presença das duas torcidas. Menos mal, também, que os arruaceiros de plantão tenham dado uma trégua.

Parabéns ao Fluminense e a sua imensa torcida com mais uma conquista no campo de jogo, com um futebol competitivo e bonito de se ver. Parabéns, também, ao Flamengo digno coadjuvante desse título, premiado com o vice-campeonato.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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