Finalmente chegamos, com saúde e disposição redobrada

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Após quase um dia de viagem chegamos em casa, às onze e meia da noite de quarta feira. Foi um dia cansativo, pois viagens transcontinentais diurnas não nos deixam dormir direito, o que aumenta o stress dentro de um avião, com lugares exíguos, que tolhem os nossos movimentos de maneira inexorável.

Gostaria, para encerrar a série viagem, de mencionar a última cidade italiana por nós visitada, Livigno, o Paraguai italiano, se bem que muito mais incrementado. Trata-se de uma comuna italiana da região da Lombardia, província de Sondrio, com cerca de 5.000 habitantes.

Livigno fica a 1816 metros acima do nível do mar, o seu rio principal é o Spöl e é uma das poucas povoações italianas que não se incluem na bacia do Mediterrâneo, fazendo parte da bacia hidrográfica do mar Negro. Quando lá chegamos, tinha nevado na véspera e, como estávamos no início do outono, achei isso estranho. No almoço, o garçom que nos atendeu e que falava português nos informou ser uma característica da região, neve o ano inteiro. Na realidade são apenas sete dias sem ela.

Uma particularidade interessante dessa cidade é a exclusão do IVA, um imposto da União Europeia. Esta decisão foi tomada em 1910 porque a cidade, devido à sua localização e condições climáticas, ficava isolada mais de seis meses por ano. Mesmo nos dias de hoje apenas três estradas chegam a Livigno, duas vindas da Suíça. A italiana é muito perigosa, lembrando em muito a estrada Serra-Mar, em alguns trechos ainda mais estreita. Dizem as más línguas que, anteriormente, o local era muito mal frequentado, reduto de bandidos e mafiosos e que sua transformação em porto livre teve como objetivo sanear o local.

O imposto sobre o valor acrescido (IVA) é um imposto aplicado em Portugal que incide sobre a despesa ou consumo e tributa o "valor acrescentado" das transações efetuadas pelo contribuinte. Trata-se de um imposto plurifásico, porque é liquidado em todas as fases do circuito econômico, desde o produtor ao consumidor. Sendo plurifásico, não é cumulativo, pois o seu pagamento é fraccionado pelos vários participantes do circuito econômico, através do método do crédito do imposto. Isso torna os produtos muito mais baratos e, a título de exemplo cito o perfume Azaro vendido nas perfumarias da cidade a trinta e nove euros, enquanto que em Brescia custa sessenta e três euros. O mesmo se aplica a bebidas alcoólicas e roupas.

Livigno é linda, talvez mais bonita do que Chamonix, apesar de próxima, por ser menor e mais compacta e, apesar de ser completamente fora de mão para os turistas com permanência mais curta na Itália, vale a pena ser visitada pelos que dispõem de mais tempo.

Mesmo com todos os percalços que tivemos nesses quatro meses fora do Brasil, a experiência foi positiva e nos mostrou, mais uma vez, que o custo final de uma viagem desse tipo é muito mais barato. Isso porque a diária de um pequeno apartamento sai muito mais em conta do que a de um quarto de hotel descente, além do que a roupa pode ser lavada em casa e o café da manhã, almoço e lanche ou jantar também podem ser feitos em casa

Talvez o que comece a inviabilizar as viagens internacionais, seja a crise econômica brasileira, com a alta do dólar, do euro e da libra esterlina. Para se ter uma ideia, quando saí do país em final de maio, o euro estava cotado a dois reais e setenta centavos; no mês de setembro chegou a quatro reais e sessenta centavos. Como nossa crise não é só financeira, mas também moral, em função da falta de credibilidade de nossas instituições e de nossos homens públicos, nosso futuro é muito incerto. 

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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