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Fim de festa
Faltam quinze dias para o nosso retorno e vou aproveitar para tirar umas pequenas férias do jornal. Agradeço aos leitores que me acompanharam nesses quatro meses e espero ter contribuído para mostrar um pouco da Itália, a do norte onde estava nossa casa, por sinal muito bonita; isso vale também para a Alemanha e a Suíça, onde visitamos cidades e participamos de atividades que nem sempre constam do roteiro turístico normal, mas acessíveis a quem fica mais tempo na Europa.
Infelizmente, com o retorno do Brasil ao bloco terceiro-mundista, as viagens internacionais estão ficando muito caras em função da desvalorização do real; para se comprar um euro na sexta-feira era preciso quatro reais e sessenta centavos, e o dólar cotado a três e noventa. Por isso é preciso programar-se com antecedência e fazer uma poupança, a longo prazo, na moeda a ser utilizada. Viajar em cima da hora tornou-se inviável. No entanto, não deixe que esses contratempos impeçam você de alçar voo e de correr em busca dos seus sonhos.
Mesmo assim, vou registrar algumas dicas que me parecem importantes para quem vem para o velho continente. Se você vai estar motorizado, lembre-se: o leasing deixa a diária do carro muito mais barata, talvez a metade do preço; no entanto, não pode ser feito por menos de 18 dias. A vantagem desse tipo de locação é que a quilometragem é ilimitada, os seguros já incluídos, os carros são zero e em caso de pane, basta acionar o telefone da companhia, acessível dia e noite, que eles prestam socorro imediato. O único senão é que para não ter de pagar uma taxa adicional, o carro tem obrigatoriamente de ser recebido e entregue na França, em aeroportos, portos, estações ferroviárias ou mesmo numa concessionária da Peugeot. Parece que a Renault também aderiu ao leasing para estrangeiros, pois vi um carro dessa marca com a placa vermelha característica desse sistema. A confirmar. As agências de viagens se encarregam do contato com a Peugeot e providenciam toda a papelada.
Dirigir na Europa requer atenção, pois com a velocidade máxima nas autoestradas entre 100 e 130 quilômetros por hora, ou sem limite, em algumas da Alemanha, qualquer descuido pode ser fatal. A faixa da esquerda é para ultrapassagens e deve ser respeitada. Assim, se você no Brasil tem o hábito de rodar insistentemente pela esquerda, ao perceber um carro na sua traseira, dê passagem de imediato. Os radares nem sempre são visíveis e nem existe sinalização chamando a atenção para eles. E, muita atenção, pois os europeus dirigem mal, têm mania de usar o freio, mesmo sem necessidade e são chegados a manobras bruscas como ultrapassagens e entrar à esquerda ou à direita, sem sinalizar. Em altas velocidades são manobras de alto risco.
Nas cidades, lembre-se de que a velocidade máxima oscila entre 50 e 60 km por hora, as faixas de pedestre não são simples ornamentação e há câmeras de vídeo por todos os lados, inclusive radares. Talvez isso explique o fato de não se ver muitos policiais nas ruas; no entanto, eles surgem como verdadeiro enxame, em caso de necessidade.
Mesmo que você não fale a língua local, quando necessitar de qualquer informação tente usar algumas palavras do idioma do país em que está. Só depois pergunte se a pessoa fala inglês. Isso mostra que você fez um esforço para se comunicar, mas não foi possível; seu interlocutor vai ter a maior boa vontade em te ajudar. Isso aconteceu muito conosco aqui na Itália, pois o nosso curso de italiano se limitou a cinco aulas e foi de pouca utilidade, nos deu apenas uma noção, sinalizando que seria necessário algo mais especifico. Aliás, uma dica: se você pretende aprender um idioma no país de origem, matricule-se num curso para estrangeiros.
O europeu tem certa arrogância com os oriundos de países subdesenvolvidos; por isso, jamais baixe a cabeça. Se sentir que estão debochando de você, mesmo que na sua língua, deboche também; se forem ríspidos seja também. Quando tratados na mesma moeda, rapidinho se enquadram. Vou dar um exemplo: perguntei a um morador onde ficava o cemitério da cidade e ele simplesmente me disse que não sabia. De imediato retruquei: tenho pena de você, pois quando morrer vão te jogar na lixeira. Resultado, encontrei o cemitério em poucos minutos.
Um lembrete final: é importantíssimo, não importa a idade, um seguro de saúde internacional. Ninguém esta livre de um acidente ou mesmo de uma doença súbita e a medicina privada, no estrangeiro, é muito cara. Você é capaz de se restabelecer, mas morrer, de susto, na hora de pagar a conta.
A experiência valeu sobretudo no período em que fiquei só, com o retorno da minha mulher ao Brasil, mesmo que por 40 dias. Não repetiria a dose e não recomendaria a ninguém.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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