Falta pouco para conhecermos o campeão

terça-feira, 08 de julho de 2014

Restam poucas equipes para disputar o título de campeão da 20ª Copa do Mundo de Futebol. Apesar do bonito que fizeram as seleções da Argélia, Colômbia, Costa Rica e Nigéria, países sem tradição nessa competição, Alemanha, Argentina, Brasil e Holanda (as três primeiras somando nove títulos) chegaram às semifinais como as quatro melhores equipes do mundial. Quem será o campeão só saberemos no próximo domingo.

Essa Copa teve a virtude de mostrar a evolução do futebol, no mundo inteiro, visto que a Colômbia mandou o Uruguai mais cedo para casa e a Costa Rica despachou a Itália e a Inglaterra, além de ter se classificado em primeiro lugar no seu grupo. Mas caíram nas quartas de final, quando foram derrotadas por equipes de maior tradição. Mesmo assim, a Costa Rica vendeu caro sua saída, pois perdeu nos pênaltis para a Holanda.

A julgar pela numerologia, o próximo campeão seria a Alemanha, pois tanto a Itália (1982-2006) quanto o Brasil (1970-1994) levaram 24 anos para ganhar o tetracampeonato; e então seria a vez da equipe germânica, cujo tricampeonato foi conquistado em 1990, há exatos 24 anos. Mas como no futebol nem sempre é a lógica que conta... 

O engraçado é que, segundo comentários de jornalistas esportivos de gabarito, nenhuma das quatro seleções finalistas encantou o mundo com um futebol de encher os olhos. E olha que tivemos jogos muito disputados e emocionantes, com um nível técnico superior ao dos três últimos mundiais. Mas, como a última temporada europeia (2013-2014) foi muito cansativa e a Copa é realizada ao final dos campeonatos europeus, talvez isso explique essa queda de rendimento dos jogadores. Afinal, a maioria joga em times da Europa, na realidade os mais ricos da atualidade e os que mais importam jogadores de outros continentes. Não faltará emoção nesta reta final e haja coração dos torcedores dos países finalistas, para suportar as grandes emoções que estão por vir. Nesses dias, o cansaço com certeza será superado pela vontade de ganhar e erguer a tão cobiçada taça do mundo, num gesto eternizado pelo nosso grande capitão Belini, em 1958.

Não sou colunista esportivo e procuro não tocar no assunto futebol em meu espaço de A VOZ DA SERRA, mas como deixar de escrever sobre a Copa depois desse porre de jogos, que na fase de classificação eram todos os dias no almoço, no lanche e no jantar? Está claro que a partir de domingo muitos terão a sensação de que algo está faltando, tamanha foi a intimidade com a televisão. Aí começaremos a ter pesadelos, pois retornará às telinhas a mediocridade do atual futebol jogado no Brasil. Fruto do empobrecimento do país, nossas promessas mais jovens são levadas para o velho continente, muitas vezes sem nunca terem disputado um campeonato local. Com isso, perdem a essência do futebol brasileiro e são criados num estilo de jogo completamente diferente. Aliás, o europeu desenvolveu um estilo próprio, deixando de ser cintura grossa e canela dura, ou seja, se abrasileiraram enquanto nós nos europeizamos, mas com o futebol de 30 anos atrás.

É preciso que nossos dirigentes, tanto os da CBF e demais federações como os de nossos grandes clubes, assumam uma postura profissional, para que nossos times possam deixar de ser grandes devedores e tenham uma arrecadação suficiente para manterem aqui nossas futuras promessas e, talvez, importar jovens valores d’além-mar.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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