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Eu não vou pagar o pato
Estava ainda na Europa quando foi lançada a campanha “Não vou pagar o pato”, que já conta hoje com quase um milhão de assinaturas eletrônicas em favor do movimento. Nessa mesma época vi, através do Globo.com, um manifesto em Brasília em que o prédio do Congresso Nacional foi todo cercado com patos amarelos, símbolo do movimento, com os dizeres em preto “Não vou pagar o pato”.
É uma forma pacífica e inteligente de protestar, mas necessitando de um apoio maciço da população, para que cheguemos a um número expressivo de aderência. Essa aderência tem de ser suficiente a ponto de levar o governo a abdicar dessa ideia maluca de relançar a CPMF, aliás, mais um assalto ao nosso bolso.
Alguém me disse ser o país um grande condomínio — e quando faltam subsídios, a conta tem de ser dividida pelos condôminos. No entanto, todos, sem exceção, são obrigados a pagar a sua respectiva parcela. Isso não ocorre em nossa democracia capenga em que determinados impostos, como o da renda, por exemplo, isenta aqueles que ganham abaixo de R$ 26.816,55, mas nossos inteligentes legisladores esquecem que todos usufruem dos benefícios oriundos de tal imposto, portanto nada mais justo que todos paguem. A CPMF pune, de novo, uma parcela importante da população, já que aqueles que não têm conta bancária ficarão “isentos”, além de ser mais um imposto num país em que a carga tributária é uma das maiores do mundo.
O Brasil encontra-se nessa situação de penúria porque os governos, tanto o federal como o estadual e o municipal, nos últimos dez anos gastaram a rodo, desviaram desavergonhadamente, pilharam os cofres públicos de uma maneira jamais vista. Além do que, o Brasil tem hoje uma máquina administrativa das mais caras do mundo, tanto são os apadrinhados a serem sustentados pela nação.
Mergulhado num mar de lama, o governo patrocinado pelo PT vê toda a sua atuação pelo social escorrer pelo ralo, pois não existe mais dinheiro para sustentar tantas campanhas assistencialistas, fruto de um comportamento paternalista herdado do Brasil colônia, típico dos portugueses. Aliás, essa é a tônica dos governos socialistas que gastam fortunas em nome do social e, quando a fonte seca, passam a cortar gastos a começar pela saúde e educação — se é que fazem alguma coisa de efetivo nesse campo.
Ainda com relação à assertiva de sermos um grande condomínio a diferença é abissal, pois naqueles, quando o síndico e sua diretoria começam a extrapolar, a assembleia, soberana, pode lhes cassar o mandato. Infelizmente, esse não é o caso da Democracia, em que uma vez eleitos, os políticos ganham quatro anos de permissão para todo tipo de atuação seja em prol da população, seja em proveito próprio.
Nossa presidente aderiu à CPMF, convocou governadores e prefeitos para pressionar deputados e senadores, distribuiu ministérios para seu fiel escudeiro, o PMDB, com o intuito de barrar o processo de impeachment, além de forçar a aprovação do malfadado imposto, visto como tábua de salvação do seu nefasto comando. Em nenhum momento ela convocou uma cadeia de rádio e televisão para comunicar a redução efetiva do número absurdo de ministérios, de uma redução expressiva dos salários de todo o primeiro e segundo escalão, enfim, de um enxugamento sério e eficaz da máquina pública.
O pato amarelo, símbolo da campanha, foi visto e comentado pela mídia internacional, aliás, pasma com o montante dos impostos cobrados no Brasil sem o devido retorno em melhorias, como acontece nos países sérios do mundo inteiro.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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