Estamos no Brasil; é para rir ou para chorar

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Após 15 horas de viagem cheguei ao aeroporto do Galeão quando, então, a ficha caiu e acordei para a nova velha realidade. Após quatro meses morando num país de primeiro mundo e viajando por outros, voltei à triste realidade de um Brasil que teve tudo para ser grande, mas que continua a chafurdar na mediocridade de seus dirigentes e daqueles que os elegem.

Fala-se na falência da saúde pública no Brasil, onde o SUS presta um serviço compatível com o salário que paga aos médicos e ao pessoal da saúde. Na Itália, a população é atendida pelo Estado e não é necessário plano de saúde para um tratamento decente; na França, até uma meia especial para varizes, se prescrita por um angiologista, dá direito a reembolso pelo Estado; na Alemanha, não existe filas quilométricas para tratamento cirúrgico, pois adultos ou crianças são operadas no prazo previsto.

As estradas são de ótima qualidade e quando pedageadas dão sempre uma opção ao motorista de escolher outra sem pedágio. As leis são respeitadas. Por exemplo, na Alemanha fui advertido por um guarda por estar atravessando fora da faixa de pedestre. Aliás, estas são sagradas e ai do motorista que atropelar um nesse território. Na realidade, como não existe a palavra "jeitinho”, as crianças desde pequenas são educadas no sentido de respeitar as leis e compreender que o direito de um cidadão termina quando começa o do outro. 

Na realidade os europeus reclamam muito do custo dos impostos, mas sabem que eles são necessários para manter a qualidade de vida da população e não para engordar as contas bancárias de políticos oportunistas que aspiram aos cargos públicos única e exclusivamente para levarem vantagem. A grande maioria deles, se vivesse à custa de suas respectivas profissões, jamais teria o patrimônio que exibe, após dois mandatos seguidos. Duvido que qualquer um desses arrivistas teriam a atitude de Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova Iorque, que pagou do próprio bolso as despesas alimentação do seu gabinete.

 A se acreditar no que li na imprensa brasileira, a donatária da capitania do Maranhão gastou 1 milhão de reais na compra de 1 tonelada de camarão, 750 kg de patas de caranguejo e uma farta quantidade de lagostas frescas, com o dinheiro do erário. Aliás, essa personagem ridícula como tantas outras que militam na política nacional justificou a violência que tomou conta do Maranhão, como fruto do enriquecimento do estado, o que atraiu os bandidos de outras paragens e deve ter irritado os do Maranhão.

Maranhão rico? Ou será que um estado que tem um dos menores IDH (índice de desenvolvimento habitacional), maior taxa de mortalidade infantil, metade da população sem rede de esgoto, sem acesso a água tratada e o estado com a pior expectativa de vida do Brasil, além de ter dez escolas entre as piores do Enem, pode ser rico? O pior é que essa personagem de ópera bufa foi eleita por esse mesmo povo sofrido. Como? Apuração fraudulenta, compra de votos, propaganda enganosa, ambos, qual a explicação? Será que o povo é tão ignorante que ainda acredita na família Sarney? Roseana está no seu quarto mandato como governadora, pode?

Saí de Genebra com 6 graus e cheguei ao Rio com 40 graus; terá sido o efeito calor? 

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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