Eslovênia, um país de encher os olhos

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Contrariando a promessa de não escrever artigos sobre minha viagem, vou abrir uma exceção para falar da Eslovênia e sua capital Liubliana. Trata-se na realidade de uma divagação sobre a razão de certos países terem uma evolução positiva e outros, com área muito maior e recursos incomensuráveis, estarem ainda em busca de uma estabilidade e desenvolvimento, que nunca se consolidam.

A Eslovênia tem uma área territorial de 20.273 km² para uma população de 2.064 milhões de pessoas; enquanto isso, o estado de Sergipe tem 21.910 km² de superfície onde vivem 2.265.779 sergipanos. Mas, não temos como comparar um e outro, tamanha é a defasagem cultural, econômica e política entre eles. A única semelhança é que têm, praticamente, o mesmo tamanho. Em relação ao Brasil, ele é 395 vezes maior que a minúscula Eslovênia, no entanto a diferença entre a qualidade de vida de um e de outro é abissal. Davi vive muito melhor do que Golias.

Um país que só conseguiu ser reconhecido como tal em 1991, pois anteriormente pertencia à Iugoslávia, nação que foi criada após o término da Segunda Guerra mundial e que era formada também pela Croácia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia, Sérvia e Montenegro. Por fazer parte da República Socialista Federal da Iugoslávia, era membro do bloco comunista capitaneado pela ex-URSS. Em 1990, com a desintegração da Iugoslávia, o estado eslavo optou por se tornar autônomo e em 2004 foi reconhecido pela União Europeia.

Liubliana é uma cidade linda, limpa, ordeira, com um elevado senso de preservação do meio ambiente; além disso, sua população é muito educada, prestativa com os estrangeiros e é no mínimo bilingue, pois falam o esloveno, sua língua oficial, e o inglês, por ser hoje o idioma universal e em função de ser uma cidade turística, por excelência. Vale a pena ressaltar que mesmo as pessoas mais maduras foram obrigadas a aprender o inglês, pois se não, seria impossível a comunicação com turistas de todas as partes do mundo que por ali passam.

É um país desenvolvido, com uma economia importante, sendo as principais fontes de renda a pecuária, a pesca, a indústria e o turismo. Aliás, esse é muito importante para a economia do país, com destaque para a capital e região litorânea. O PIB nacional é de 42,75 bilhões de dólares (valores para o ano de 2015) e o PIB per capita de 20.713,07 dólares (valores também de 2015). Segundo o relatório do Fundo Monetário Internacional, em 2015 o PIB brasileiro foi de 3,100 trilhões de dólares e o PIB per capita foi de 15.020 dólares.

Esses números acima mostram um país infinitamente menor que o nosso, mas com uma população muito mais abonada que a brasileira. É a comprovação inata de que temos recursos monetários de sobra, mas ao serem muito mal distribuídos, contribuem em muito com o empobrecimento do povo. Se me disserem que Liubliana é uma capital na qual as autoridades se esforçam em manter limpa e livre de mendigos, digo que o Rio e São Paulo também o são, mas repleta de pedintes, sujas e com uma gama de áreas que condensam uma grande parte da população carente. Se arriscarmos sair à noite nas duas cidades brasileiras citadas, arriscamos sermos assaltados e mesmo mortos. Na capital da Eslovênia, pode-se circular à noite sem maiores problemas.

Será que um país da extensão do Brasil, jovem, pois tem pouco mais de 600 anos, mas com uma população que ultrapassa os 200 milhões de habitantes, ou seja, dez vezes mais que a da Eslovênia, torna-se de difícil governabilidade ou falta aquele algo mais para que possamos entrar no caminho correto do progresso e do bem-estar do povo?

TAGS:

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.