Entre o péssimo e o ruim, tio Sam escolheu o primeiro

terça-feira, 15 de novembro de 2016

E eu que pensava que só o brasileiro fosse expert em escolher mal seus candidatos! O americano mostrou-se insuperável e entre o péssimo e o ruim, optou pelo primeiro. Aliás, apesar de agora ser repudiado pelo eleitorado, como se ninguém tivesse optado por ele, Trump nunca escondeu quem era e o que se poderia esperar de um presidente com as suas características. Assim, quem o elegeu sabia o que estava levando.

Não gosto dos americanos, nunca me interessei pelos seus problemas nem os considero guardiães da democracia como é tão propalado aos quatro ventos. Mas, a eleição de Donald Trump, um empresário e não um político de carreira, mostra que uma parcela importante do povo está descrente e sem paciência com a classe política em geral. Além disso, o grosso da população está começando a pesar na balança os prós e os contras entre abraçar causas humanísticas e sacrificar a própria qualidade de vida, principalmente quando essa qualidade é fruto dos altos impostos pagos.

Não é típico de europeus e americanos a espontaneidade que encontramos nos brasileiros, daí eles nunca admitirem que são contra as políticas de acolhimento de imigrantes ou perseguidos de guerra. No entanto, quando surge um candidato que manifesta abertamente ser contra essas posturas, pensam duas vezes.

Na França, por exemplo, Marine Le Pin, da Frente Nacional, um partido de extrema direita, tem agora chances mais concretas de levar a eleição presidencial francesa. Os atentados terroristas do ano passado falam mais alto. Os alemães que a princípio apoiaram Angela Merkel, quando ela abriu as fronteiras do país para os refugiados da Síria e da África, já cobram uma postura diferente do governo alemão. Coincidência ou não, mal eles chegaram à Alemanha, ela também foi sacudida por atentado com vítimas fatais.

O mais curioso da eleição americana e, talvez por isso o voto não seja obrigatório, é que apesar de Hilary Clinton ter obtido mais de 500 mil votos que seu adversário, ele foi o eleito, em função de ter conseguido um maior número de delegados do colégio eleitoral. Hilary, literalmente, ganhou, mas não levou. E se o voto do povo não conta, porque sair de casa para votar?

Uma coisa que também salta aos olhos é que entre liberais e conservadores, esses últimos começam a levar vantagem, como a deixar claro que as recentes mudanças pelas quais o mundo passou, estão deixando de seduzir o cidadão comum. Isso explica, também, a eleição de Jorge Dória, como prefeito de São Paulo, muito mais conservador do que liberal.

Se Donald Trump levar a cabo suas convicções ditas durante a campanha presidencial americana, a globalização corre sério risco. Protecionismo comercial, não aos imigrantes legais, caça sem tréguas aos imigrantes ilegais vão dar o que falar. Isso sem contar com as medidas que se opõe à recente agenda mundial, visando um combate efetivo ao aquecimento global, como a de incentivar a produção de carvão mineral como fonte de energia.

Não é a toa que numa cidade americana, outrora rica em função da exploração desse mineral, e hoje à míngua, o número de votos no candidato republicano foi expressiva.

Mas, resta sempre uma esperança, pois rompantes e promessas de campanha são um recurso antigo e matreiro dos políticos, a caçar eleitores. Assim, o mundo torce para que o prometido seja o oposto do que vai ser feito. Amém!

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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