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Educação: o diferencial entre os povos
Estou na Itália do norte, que por várias vezes levantou a bandeira do separatismo em relação à Itália do sul, por achar os sulistas preguiçosos e acomodados. Talvez a proximidade com os países que se destacam na ordem, no respeito e, sobretudo, na vontade de produzir, como a Alemanha, a Suíça, a Áustria e a França (apesar de, em minha opinião, esta desde algum tempo se assemelhar a um determinado estado brasileiro onde a preguiça é a tônica) deixem os irmãos do norte irritados com os do sul.
Passei três dias em Faenza, cidade italiana onde nasceu meu bisavô por parte de mãe, e estive nas praias do Mar Adriático, em Marina di Ravenna e Lido di Savio, próximo a Rimini. Nessas praias várias coisas me chamaram a atenção e, na comparação com as praias do Brasil, mostram como a educação de um povo é importante na qualidade de vida da população como um todo. Em primeiro lugar são limpas, sem o acúmulo de lixo que se vê em Copacabana, Barra, do Forte, Boa Viagem, Santos, etc, ao final de um dia de verão. Em segundo lugar há uma demarcação para a prática dos esportes de praia como frescobol, vôlei com raquete, vôlei; ou seja, as pessoas podem praticá-los sem comprometer os direitos dos demais frequentadores que é desfrutar do sol em paz; além disso, não existem os famosos vendedores ambulantes de óculos, refrigerantes, sorvetes, camarões no espeto, queijo de coalho, etc, a berrar nos ouvidos dos frequentadores a excelência do seu produto. A cada entrada, pois são várias em passarelas de madeira que ligam o asfalto à areia, existe um bar restaurante, recuado em relação ao mar, onde os frequentadores podem beber e comer, sem problemas. A areia é limpa, sem copos de papel, garrafas pet, guardanapos, fraldas, modess, etc. tão comum em nossas praias.
Talvez, o número de habitantes em cada país europeu explique determinadas situações, que tenderão a se modificar, à medida que eles incham com a chegada dos imigrantes oriundos de todas as partes do mundo, sobretudo da África, do Oriente médio e da Ásia. Por exemplo, o que é mais fácil? Administrar uma Suíça com seus quase nove milhões de pessoas, ou um Brasil beirando os duzentos milhões? Pelo menos o número de políticos é bem menor, a sangria de recursos mais enxuta e uma cobrança da população mais firme. Além do mais, como o número de alunos é menor, há uma menor necessidade de professores e, em consequência, os salários são muito melhores. O mesmo se aplica à saúde pública, que apesar de não ser um mar de rosas, não tem comparação com o serviço de péssima qualidade prestado pelo SUS. É claro que um país mais populoso arrecada mais impostos, e os profissionais de todas as áreas, deveriam ter um salário muito melhor.
Aliás, são esses impostos, que chamam a atenção. Não são baratos, na Europa, mas aqui a população sabe para que e aonde eles são aplicados. Muito diferente do que acontece no Brasil, onde a maior parte do arrecadado é destinada a pagar a máquina administrativa e sua gastança desenfreada. Como exemplo, cito a tentativa de aumento do selo rodoviário suíço, as famosas vinhetas. O governo queria passar dos 30 euros cobrados em 2013 para 100 euros. A população exigiu um plebiscito e o não saiu vencedor; isso obrigou o parlamento a decretar um aumento de apenas trinta por cento, sendo o valor cobrado hoje de 40 euros.
Infelizmente, a população brasileira recebe diariamente informações sobre o mar de lama que envolve o governo, nesses quinze anos de PT, mas permanece inerte, sem reação, sem exigir que seus direitos de cidadão sejam respeitados e que os responsáveis sejam punidos.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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