“É ou não é piada de salão o Flamengo querer ser campeão?”

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Como diz a canção popular, “é ou não é piada de salão o Flamengo querer ser campeão”? Salve o Palmeiras, campeão brasileiro de 2016, cobrindo o país, depois de 22 anos, com uma onda verde. Na ponta da tabela desde a 19ª rodada do primeiro turno do Brasileirão, o alviverde paulista, a uma rodada do final da competição, conquistou no último domingo, 27, o seu nono título brasileiro.

Um estádio totalmente modificado, um time que mesclou talentos já consagrados com jovens promessas e jogadores apenas medianos levaram o ex-Palestra Itália a ser a melhor equipe da competição, digna representante do futebol brasileiro da atualidade. Parabéns à imensa torcida palmeirense, na qual me incluo, pois sou palmeirense desde os 7 anos de idade.

A modificação no nome da Sociedade Esportiva Palmeiras remonta à época da entrada do Brasil na segunda guerra mundial, quando o então presidente Getúlio Vargas proibiu denominações que contivessem as palavras Alemanha, Itália ou Japão. O mesmo aconteceu com o Cruzeiro de Belo Horizonte que em 7 de outubro de 1942 deixou de ser o Palestra Itália de Minas Gerais.

Introdução feita gostaria de falar de outro assunto importante. O affaire Geddel mostra a verdadeira face do político brasileiro da atualidade. Está em curso a lava a jato, maior operação anticorrupção do país, e os velhos hábitos de nossos homens públicos, acostumados a usarem o cargo em proveito próprio, não se modificam. O que é pior uma velha raposa, que por força do destino virou presidente da república, que deveria dar o exemplo, compactuou até o fim com o seu ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República. Mais grave ainda, pressionou o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, segundo sua entrevista no Fantástico de domingo, 27, para que esse influísse e modificasse decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

O Iphan barrou a obra de um prédio em uma região tombada de Salvador, onde Geddel comprou um apartamento na planta, seguindo orientação da Secretaria de Meio Ambiente de Salvador.  O velho e bolorento compadrio, em sua face mais abjeta, tentava beneficiar o interesse individual em nome do coletivo. 

O espetáculo ridículo patrocinado por nossos deputados e senadores, tentando aprovar uma medida espúria e digna dos tempos de Ali Babá e seus 40 ladrões, mostra que nada detém a atração pelo mau feito de nossa classe política. A anistia ao dinheiro sujo que sustentou as campanhas eleitorais da maioria desses parasitas que são eleitos de quatro em quatro anos, com a chancela de eleitores comprometidos ou sem nenhuma cultura política, é um verdadeiro disparate. Mas compreensível, pois se for aprovada sepulta de vez a operação lava a jato e livra uma grande maioria da cadeia, lugar apropriado para bandidos.

A corrupção, infelizmente, está tão entranhada na vida nacional, que um juiz denuncia a tentativa de suborno da qual foi vítima, quando da prisão do ex-governador Garotinho, e a imprensa não deu o verdadeiro destaque que esse fato merecia.

A atitude de outra juíza ao revogar a prisão de Garotinho, mantendo-o em prisão domiciliar, também deveria ser digna de destaque, pois é no mínimo estranha. Ainda mais que Anthony William Matheus de Oliveira não estava enfartado coisíssima nenhuma, nem corria risco iminente de vida.

É um verdadeiro escárnio o que se faz com a população brasileira, pelo menos aquela que pensa e tem cultura, pois somente pessoas muito críveis ou alienadas por completo, acreditam ainda nas palavras de nossos políticos. E é aí que reside o maior perigo, pois se nossos representantes não têm credibilidade, qual será o futuro desse país? Como exigir que o povo aperte os cintos diante das dificuldades econômicas pelas quais passamos, se o exemplo não vem de cima? 

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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