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É Natal, que tal resgatarmos a singeleza dessa data
Estamos a duas semanas do Natal, festa magna da cristandade e, principalmente, da família. Isso porque mesmo aqueles que são ateus, ou praticam outras religiões, têm consciência de que as festas natalícias são uma oportunidade ímpar de reunir os parentes mais próximos e estreitar os laços de parentesco. Daí a importância da ceia de Natal, porque tanto no ocidente quanto no oriente, a reunião da família para fazer uma refeição em conjunto, é sempre um momento especial. Lembro-me, quando pequeno, que meu pai fazia questão de que pelo menos o café da manhã e o jantar fossem sempre em conjunto. Nada do que se vê muito nos dias de hoje das pessoas solitárias, devorando os alimentos sem um papo descontraído, sem uma troca de ideias.
Infelizmente, o mundo capitalista, com sua ênfase incomensurável, no consumismo, transformou o Natal numa corrida desenfreada às lojas, pois os presentes passaram a ser o mais importante de tudo. O comércio joga, a toda hora, lembretes para que o décimo terceiro seja aproveitado na compra de mimos natalícios, pois o importante é vender e garantir os lucros. Sim, pois existem pelo menos três datas em que os comerciantes aproveitam para tirar o pé do lodo, e a comemoração do nascimento de Cristo, é a mais importante. Mesmo que Ele fique sempre em segundo plano na hora de propagar o Natal.
As próprias ceias da Natal foram engolidas pelo consumismo. Refeições simples, como deveria ser na época de Cristo, cujo objetivo maior era o de estar juntos, foram substituídas por lautos jantares e muita bebida, com uma fartura desproporcional, que muitas vezes termina com Engove ou Digesan.
O mundo está cada vez mais materialista e egoísta e a troca de afeto, a preocupação com o semelhante, deixou de ser nos encontros do dia a dia, ou naqueles momentos especiais para serem substituídos por celulares, tabletes ou computadores. O calor humano foi substituído pela frieza das máquinas. Passamos muito mais tempo movimentando dedos e mãos, esquecendo que foi com a comunicação oral que tudo teve início. Aliás, foi com ela que nos diferenciamos dos seres irracionais.
O Brasil de hoje tem a mais alta taxa de desempregados de sua história. São pessoas que não têm a mínima condição de comemorarem o que quer que seja, pois a luta pela sobrevivência, pelo bem estar da família são a preocupação maior. Mas, com toda certeza são aquelas que têm condições de resgatarem o verdadeiro espírito do Natal, pois o fato de estarem reunidos, em oração, pedindo por dias melhores, agradecendo pelo pouco que disfrutam, será sempre uma demonstração de fé e da certeza de que a companhia dos entes queridos é o que mais importa. A família ainda é a célula mater da humanidade e o seu desmantelamento uma ameaça constante a sua integridade.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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