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E a caravela cruzmaltina chegou lá
Com a vitória por um a zero, no último dia 1º e o empate em 0 a 0, no último domingo, 8, o Vasco da Gama sagrou-se campeão invicto do campeonato estadual. Num Maracanã lotado, com 60 mil torcedores, a maioria de vascaínos, o campeonato premiou a equipe que melhor se comportou durante a disputa, inclusive com o melhor ataque e a defesa menos vasada.
Ao Botafogo restou o consolo do bi vice-campeonato, uma equipe que ressurgiu das cinzas, após o desmonte ocorrido no final do ano passado, com o título da série B do Brasileirão e a consequente ascensão à série A.
Aliás, esse foi o diferencial que levou o título para São Januário e não para General Severiano. Nas mãos do competente Jorge de Amorim Campos, o popular Jorginho, desde a metade do segundo turno do Brasileirão do ano passado, o Vasco manteve seus jogadores para a temporada de 2016. Com isso, ganhou conjunto e reforçou o entrosamento de jogadores experientes, muitos com mais de 30 anos.
Sem medo de errar afirmo que se Jorginho, da nova leva de bons treinadores do futebol brasileiro, tivesse assumido antes o plantel vascaíno, o clube da Cruz de Malta não teria amargado um novo rebaixamento.
Já o competente Ricardo Gomes, também da nova geração, teve que montar um novo plantel, com muitos jogadores vindos das categorias de base do Botafogo e a falta de experiência desses jovens cobrou seu preço nas finais do campeonato. Apesar de ter também a defesa menos vazada, pois nesse quesito ambos se igualaram, nos nove gols sofridos ao longo da disputa, na hora de transformar em gols o maior volume de jogo, faltou a presença da maturidade de um goleador nato.
As vitórias do alvinegro jamais ultrapassaram os dois gols. Caso consiga manter esses jovens ao longo da temporada, coisa difícil no combalido futebol do Brasil, a experiência adquirida tornará o time muito mais competitivo.
Mas o outrora mais charmoso campeonato estadual, passou a ser conhecido como o “me engana que eu gosto”, mostrando que as torcidas dos times do Rio, no confronto com os dos outros estados, ficavam muito a dever. Foi assim em 2013, no Campeonato Brasileiro quando o Fluminense chegou em 15º lugar, o Flamengo em 16º e o Vasco em 18º, ano em que foi rebaixado; em 2014 o Botafogo caiu para a série B. Nesse ano, o time da Cruz de Malta foi vice-campeão carioca. Em 2015 o Flamengo foi o 12º, o Fluminense o 13º e o Vasco voltou a ser rebaixado, apesar de ter sido o campeão do Rio de Janeiro.
É bom lembrar que o Fogão, rebaixado em 2014, foi o vice-campeão estadual em 2015. Na Libertadores da América de 2016, não tivemos nenhum representante do Rio de Janeiro.
Somos um estado falido e muito mal administrado e isso se reflete no futebol, pois tanto os chamados pequenos como os grandes clubes acabam sendo nivelados por baixo. Assim ser campeão estadual não significa ter um grande time, haja vista o desempenho nada animador de Flamengo e Fluminense na atual edição da Taça Brasil.
O Fluminense vem de um empate com a modesta Ferroviária de Araraquara, do interior paulista e o Flamengo foi derrotado pelo Fortaleza. Também pudera, enquanto São Paulo tem grandes estádios como o Morumbi, as Arenas Corinthians e Palmeiras; Belo Horizonte apresenta o Mineirão e o Estádio Independência; Porto Alegre os estádios do Grêmio e Internacional; o Rio consegue manter o Maracanã e o Estádio Nílton Santos, fechados a maior parte do tempo, seja para obras, seja para shows, desde 2013.
Com isso, os jogos dos grandes do Rio de Janeiro passaram a ser deficitários, com presença mínima de público e a consequente baixa na arrecadação. Nesse ano de 2016, exceto nas semifinais e finais, dificilmente tivemos mais de cinco mil torcedores ou seriam testemunhas? A semifinal entre Botafogo e Fluminense foi presenciada, apenas, por 3,5 mil pagantes. Ridículo.
Parabéns à imensa torcida vascaína e que possa, aliás, tem tudo para que isso ocorra, disputar e ser campeão da segundona do brasileirão, retornando à elite do futebol brasileiro em 2017.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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