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Domingo teve chororô, só que do outro lado
quarta-feira, 06 de março de 2013
Domingo à tarde era dia de jogo Flamengo x Botafogo e como o time da estrela solitária é freguês de caderno, aproveitei para fazer a sesta, logo após o almoço. Acordei com pessoas soluçando, chorando mesmo e pensei com meus botões: “Essa torcida não tem mesmo jeito, lá vem o chororô de sempre”. Liguei a televisão, e estava escrito, lá no placar: Fogão 2, Flamengo 0. Foi aí que acordei de vez, pois o chororô era da torcida rival, a reclamar de pênaltis, gols em impedimento, ação fraudulenta do juiz e otras cositas más. Aliás, as reclamações são muito volúveis, pois mudam a cada momento, de lado, de acordo com os resultados dos jogos.
A final do campeonato do Rio, que os saudosistas insistem em chamar de carioca, será no domingo, entre Botafogo e Vasco da Gama, jogando este com a vantagem do empate. Essa vantagem decorre do fato de ter somado mais pontos que o time da estrela solitária, ao longo da Taça Guanabara, como é chamado o primeiro turno do torneio fluminense.
Brincadeiras à parte, que mantém a saudável rivalidade entre as torcidas dos grandes clubes, algumas considerações devem ser feitas em defesa do futebol do estado. Devemos ter sempre em mente tratar-se de um torneio profissional, onde os clubes além de lutarem pelo título têm em mente o lado financeiro e, em consequência, ganho monetário. Não há de ser com esses dirigentes amadores da FFerj (Federação de Futebol do Estado do Rio de janeiro) que os grandes clubes lucrarão alguma coisa. Um campeonato longo, inchado por times do interior com investimentos pífios, cujo objetivo é angariar votos para os atuais dirigentes se perpetuarem no poder.
Vale aqui registrar que as duas semifinais entre os times de maior torcida do estado, sábado Fluminense x Vasco e domingo, Flamengo x Botafogo, não tiveram público suficiente para lotar o Engenhão, com capacidade para 45 mil torcedores. Sábado foram cerca de 15 mil e domingo, 17 mil. Em São Paulo, o clássico entre Corinthians e Santos, que não decidia nada, teve 17.155 torcedores. Seja por causa do preço dos ingressos seja pela dificuldade em se chegar ao Engenhão, nada justifica esse público tão reduzido.
A sugestão que fica, para dirigentes tão cônscios de sua veia profissional, é fazer, nas próximas semifinais, uma rodada dupla, pois com preços mais reduzidos, seriam garantia de casa cheia. Prejuízo por prejuízo pelo menos assim teríamos o estádio lotado.
Domingo próximo teremos a final entre o Botafogo e o Vasco da Gama, num jogo que vale apenas o direito de disputar com o campeão da Taça Rio o título de campeão do estado do Rio de Janeiro, que também pouco vale no cenário do futebol brasileiro de hoje, a não ser alimentar uma rivalidade saudável. Pelo menos ser campeão da Taça Guanabara tem um charme especial, talvez uma saudosa homenagem a um estado que não existe mais, amaldiçoado que foi pela inveja dos governos militares que não conseguiam dobrar, nas urnas, a rebeldia dos cariocas.
Que vença o melhor, num jogo limpo, sem interferência direta da arbitragem, e que as estrelas do espetáculo sejam apenas os jogadores.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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