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Dia 31 começa o campeonato de futebol do Estado do Rio
O campeonato de futebol do estado do Rio de Janeiro promete neste ano de 2016. Com os grandes clubes de pires na mão e os pequenos, sem até o pires, a competição deverá ser marcada pela bizarrice extracampo. O Flamengo vem de Dromedário, nome de um de seus jogadores; o Botafogo contra ataca com Jacaré, recém-chegado da Argentina, cujo apelido vem da época de infância, quando treinava ao lado de uma lagoa repleta do referido réptil. O Vasco da gama, saudoso da segunda divisão do Brasileirão, vai usar o torneio estadual como preparação para fazer um bom papel na segundona e tentar retornar, em breve, à elite do futebol brasileiro. O tricolor das Laranjeiras permanece uma incógnita, pois após o divórcio com a Unimed Rio, perdeu o rumo.
Bato sempre na tecla de que o futebol é reflexo do que acontece no país e nos estados; daí assistirmos com tristeza à degradação dos clubes e da própria seleção brasileira. Eles são hoje um arremedo daqueles do passado, que encantaram torcedores daqui e de outros países. No início do século 21 o Brasil foi motivo de elogios e de comentários positivos, em função de uma economia que saíra da mesmice dos subdesenvolvidos e entrara no rol dos países de economia sólida.
Dezesseis anos depois, somos motivo de chacota internacional, um país endividado, líder inconteste da corrupção na América Latina e com uma presidente desacreditada.
Na organização do futebol brasileiro, se é que isso pode ser compreendido por pessoas inteligentes, as federações estaduais de futebol e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) vão muito bem e os clubes muito mal. No Rio, a Ferj tem uma sede luxuosa e abocanha dez por cento da bilheteria bruta do borderô dos jogos. Se a renda for de R$ 50 mil, deficitária para os dois clubes, mesmo assim a federação embolsa R$ 5 mil; ela não perde nunca. O curioso é que, hoje, os clubes pequenos do Rio de Janeiro são simples coadjuvantes deficitários e que dependem das benesses ofertadas pela Ferj. Desde que continuem a apoiar e a reeleger o presidente da vez, um cargo quase que vitalício.
Num passado não tão distante assim, times como Madureira, Olaria, Bangu, América eram formadores de craques para os grandes, além de entrarem na disputa do campeonato com equipes de respeito. Muitos de seus jogadores fizeram história no Rio e nos grandes centros do futebol brasileiro e internacional. Hoje a história é bem diferente.
No entanto, chama a atenção fatos que ocorrem fora do estado do Rio de janeiro. Por exemplo, o Ituano, representante da cidade de Itu, no interior do estado de São Paulo, foi campeão paulista de 2014, deixando para trás os grandes da capital, além do Santos. Outro exemplo é o do Luverdense Esporte Clube, da cidade de Lucas do Rio Verde, estado de Mato Grosso. Esse clube foi fundado em 2004, mantido pela Associação de Plantadores da cidade. Tem um moderno estádio com capacidade para dez mil torcedores, atualmente na segunda divisão do Brasileiro da série B, aonde em 2015 chegou em décimo lugar.
Em tão pouco tempo de fundado já foi campeão do estado por duas vezes (2009 e 2012), da copa governador de Mato Grosso por três vezes (2004, 2007 e 2011) e da copa Pantanal em 2011. São bons exemplos de que uma boa administração e um bom planejamento rendem frutos.
Aqui, terminamos 2015 com os dois times da série B voltando para a série C (Caxias e Macaé) e o Madureira voltando para a série D. Além disso, os demais clubes do interior vão de mal a pior. Vejam por exemplo o Friburguense Atlético Clube. Foi fundado em 14 de março de 1980, a partir da fusão do Fluminense Atlético Clube com o Serrano Futebol Clube. Da história vencedora de ambos, só resta uma postura estoica e de luta, empreendida por seus diretores, para se manter na primeira divisão do estadual, o que nem sempre é possível. Com um belo estádio capaz de abrigar seis mil e quinhentos torcedores, raramente esgota sua capacidade, pois os jogos entre pequenos não atraem o público e são sempre deficitários. Tivesse um apoio efetivo dos empresários locais e da própria prefeitura, aliado a uma presença maciça de seus torcedores nos jogos cujo mando de campo a ele pertence, talvez pudesse aspirar um futuro melhor, com direito a disputar a série D do Brasileiro e da Copa do Brasil. Seria, aliás, uma maneira efetiva de divulgar Friburgo.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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