Contra o poder ninguém pode

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Diz o ditado popular, “manda quem pode obedece quem tem juízo”. Essa foi a sensação que tive no dia 14 de novembro, com o nascimento da Manuela, minha segunda neta. O parto foi realizado no hospital da Unimed de N. Friburgo e eu, como cidadão, médico e cooperado dessa cooperativa médica, me senti constrangido com os fatos que se sucederam naquele dia e que divido com vocês leitores para que compartilhem ou não, comigo, desse sentimento.
De acordo com o que citei antes, no dia 14 do corrente, minha nora, Sra. Marinalva Renata Serafim Navega, foi internada pelo seu médico assistente, Dr. Alexandre Vieiralves de Castro, para fazer uma cesariana. Como o seu plano de segurada da Unimed-Rio das Ostras só lhe dava direito a estadia em enfermaria, foi colocada no quarto 116, uma enfermaria de dois leitos. A criança nasceu bem, sem nenhuma intercorrência e ambas, após os cuidados pós-parto imediato, foram para o quarto, do qual ela era a única ocupante.
No dia seguinte, pela manhã o outro leito foi ocupado pela filha do prefeito eleito, Rogério Cabral, que também deu à luz a uma criança e, apesar de ser portadora de outro plano de saúde, foi internada em caráter particular, no sistema enfermaria, pois em função da chuva de segunda-feira ela temeu por sua segurança, se fosse para o hospital do seu plano. Nesse mesmo dia 15, pela manhã, fui com minha esposa visitar a neta e conheci a futura primeira-dama da cidade que estava acompanhando sua filha naquele momento, agora companheira de quarto de minha nora.
À tarde, soube por intermédio de meu enteado, que sua esposa, sem maiores explicações, no momento em que dava de mamar à Manuela, foi transferida para o quarto 118, uma enfermaria com quatro leitos e informada que a outra gestante o seria mais tarde, assim que esse local tivesse mais uma vaga. O mais estranho é que dos quatro leitos do 118, só um estava ocupado, portanto um mal feito leve, mas significativo.
A enfermaria de dois leitos, num passo de mágica virava um quarto particular para abrigar a filha e o neto do futuro mandatário da cidade o que, aliás, era a intenção inicial de seu pai, conforme me informaram no setor de internação do hospital; minha nora, como era de se esperar, cidadã comum, voltava ao convívio com os simples mortais. Nada contra, porque tenho certeza de que ela jamais questionaria tal mudança, sob esse ponto de vista, consciente que estava de ser seu plano exclusivo para acomodação em enfermaria, diga-se de passagem, onde estava alojada anteriormente. É importante assinalar que assim que minha nora foi transferida, de imediato o segundo leito foi retirado do 116. Fato comprovado por mim no dia seguinte, após a alta da Marinalva.
Como ela é contribuinte do plano Unimed, ao qual paga religiosamente em dia, estava numa acomodação fornecida pelo próprio hospital e em concordância com seu plano de saúde, eu gostaria de saber que critério foi usado no caso, de quem partiu a ordem da transferência da minha nora e o porquê disso. É importante assinalar que a filha do futuro prefeito nem é segurada da Unimed.
Em suma, apesar de ser eu um cooperado da instituição, ter contribuído com meu trabalho na construção daquele nosocômio, eu não detenho o poder e, portanto, na hora H um membro da minha família dançou no jogo de influências. 
Cabe a você, meu leitor, julgar se meu constrangimento tem ou não razão de ser.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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