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Cidade de Goiás, pérola do cerrado goiano
Foi fundada no século 18, por Bartolomeu Bueno da Silva Filho, filho do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva. Este, numa de suas incursões pelo interior do país, em 1727, descobriu ouro nas margens do Rio Vermelho onde criou um povoado, chamado Vila de Sant´Anna. Ao retornar à São Paulo, viu seu filho ser mandado para lá, pela coroa portuguesa, para iniciar a exploração do metal. Foi assim que surgiu, em 1736, a cidade de Vila Boa de Goiás que nessa época, pertencia à São Paulo. Com a criação da Capitania de Goiás, em 1748, a cidade, foi elevada à condição de capital, fato esse que perdurou até 1937, quando Goiânia, construída para essa finalidade, se tornou a capital do estado.
Datam dessa época a construção da Casa de Fundição, o palácio do Conde dos Arcos (residência do primeiro governador e que leva seu nome desde sua fundação), o Museu das Bandeiras onde funcionou a cadeia pública (no andar de baixo), a Câmara e o Judiciário (no andar de cima) e a igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, que hoje abriga o museu de artes sacras.
O vilaboense não gosta da denominação de Goiás Velho e prefere a de Cidade de Goiás; afinal, por ter deixado de ser capital, ela não se tornou velha. Muito pelo contrário, ela manteve suas características com a manutenção de um casario de pau a pique ou de estuque, com no máximo dois andares e um calçamento em pedra, que lhe rendeu o título de patrimônio da humanidade, concedido pela Unesco.
Vale a pena serem visitados a Eremida de Santa Bárbara, onde está a igreja em sua homenagem, cuja característica é a de só abrir no dia da santa e de onde se tem uma boa visão panorâmica da cidade; a casa em que nasceu a poetisa Cora Coralina, o mercado municipal, o Chafariz de Cauda e a Praça do Coreto.
Em 2001, com o rompimento de três barragens Rio Vermelho acima, a parte baixa foi arrasada, inclusive a casa de Cora Coralina. Num verdadeiro mutirão de moradores e do poder público, em pouco tempo os estragos foram reparados.
Mas duas coisas chamam a atenção nessa cidade, fato raro em outras localidades, a cordialidade e educação de seus habitantes, além da paz e tranquilidade que ali reinam. É muito comum nos depararmos com carros estacionados na rua, com as janelas abertas e a chave na ignição; isso sem falar nas casas com portas e janelas abertas o dia todo. Grades nas janelas, nem pensar.
No entanto, não é só de praças e museus que os turistas precisam e a culinária também tem seu peso. O restaurante Braseiro, da dona Ana, serve a comida típica goiana feita em fogão a lenha, acompanhada da cachacinha local e muito amor; o Espaço Ouro Fino Pizzaria e Restaurante, também serve comidas típicas e as tradicionais pizzas, além de petiscos de primeiríssima; o Café & Arte, é outro restaurante com comida regional de qualidade e o Tapioca do Cerrado, aliás, esse, merece um comentário à parte.
De propriedade das irmãs Laura e Luciana, duas vilaboenses que distribuem simpatia e cordialidade, o estabelecimento especializou-se no preparo da tapioca. Seu cardápio é muito variado, com sabores salgados, em que se destacam a frango com pequi e à moda, e sabores doces, onde a floresta negra e a chocolate com morango, são deliciosas. São ao todo 22 sabores.
A cerveja está sempre bem gelada e o cafezinho feito na hora, nas tradicionais cafeteiras italianas. Não deixe de ir, mesmo que você não goste de tapioca.
De Araxá, de onde partimos, até Cidade de Goiás, são cerca de 600 quilômetros, que dá para percorrer em nove horas, com paradas. Já de Goiás até Brasília, nosso destino antes do retorno a Friburgo, são 315 quilômetros. Pretendo voltar outras vezes à Cidade de Goiás, um lugar tranquilo, calmo e aconchegante. Mas, para isso, o melhor é um voo do Rio até Goiânia onde se aluga um carro para percorrer os 143 quilômetros que separam as duas cidades.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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