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Charles De Gaulle tinha razão
É impressionante o descompasso entre a sociedade brasileira e suas autoridades. Quem frequenta as redes sociais, toma conhecimento diuturnamente das críticas, deboches e ridicularização porque passam nossos dirigentes. Aliás, eles não estão nem aí tamanho é o sentimento de imputabilidade e de superioridade em relação aos demais mortais. Um país com esse grau de incompatibilidade entre as autoridades constituídas e o povo não tem como progredir, como ser uma nação com credibilidade e progressista.
Quando o general De Gaulle, presidente da França na década de 1960, pronunciou sua famosa frase em que dizia não ser o Brasil um país sério, creio que nem ele tinha conhecimento real da verdade de sua afirmação. Nesses últimos 50 anos o país se encarregou de consolidar tal apanágio; nunca fomos, não somos e nunca seremos um país sério.
Com a morte de Luís GustavoTeixeira, no último dia 27 de outubro, comandante do 3º BPM no Méier, chega a 113 o número de policiais militares assassinados no Estado do Rio de Janeiro, em 2017 e o que é pior, ainda faltam dois meses para terminar o ano. É uma estatística macabra mostrando o risco de ser policial numa cidade em que a vida humana conta muito pouco. São chefes de família que ganham um salário ridículo para tamanha exposição e ainda recebem críticas de uma sociedade ingrata quer custa a perceber, como já dizia Sivuca lendário policial civil da cidade, que “Bandido bom é bandido morto”.
O mais cruel é a leniência de juízes frouxos ou mal intencionados, pois o principal suspeito de ter atirado no comandante Gustavo, Matheus do Espírito Santo Severiano, foi detido em dezembro do ano passado “após um confronto entre policiais e traficantes, com uma mochila contendo um radiotransmissor, 73 embalagens de maconha e 193 tubos plásticos com cocaína. Beneficiado por uma decisão da Justiça, ele está em liberdade há somente quatro meses.” “No dia 1º de junho deste ano, a juíza Ana Helena Mota Lima Valle, da 26ª Vara Criminal, revogou a prisão preventiva de Matheus”.
"Considerando que não se encontram mais presentes os requisitos para a manutenção da prisão preventiva do acusado, podendo a mesma ser substituída por medida cautelar diversa da prisão, bem como que o crime foi cometido sem violência e/ou grave ameaça à vítima, tendo, inclusive, o MP opinado favoravelmente ao pleito libertário da Defesa, revogo a prisão preventiva do acusado”, escreveu a juíza na ocasião.” Ou seja um indivíduo que é preso durante um confronto com a polícia, seis meses depois de detido não oferece mais risco à sociedade. De Gaulle tinha ou não tinha razão?
No jornal O Dia, de 31 de outubro, o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse em Nova York, que o maior desastre ambiental da história do Brasil, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, foi um "acidente" e uma "fatalidade". Sem mencionar a responsabilidade da empresa Samarco na tragédia, Coelho afirmou que o desastre reforçou a imagem negativa da população brasileira em relação à mineração. Dane-se quem morreu ou perdeu tudo, o importante é a preservação da imagem das mineradoras.
Mas, na minha maneira de ver as coisas, fatalidade foi o que aconteceu em nossa cidade, em 2011, quando uma tempestade ceifou a vida de quase mil friburguenses. Mesmo assim, as consequências poderiam ter sido minimizadas, se a Defesa Civil estivesse preparada para alertar a população, como acontece hoje. Em Mariana, não. Foi mesmo omissão e descaso.
Não vi ainda nenhum desses debilóides que pertencem às ONGs dos direitos humanos ou mesmo o ministro dos Direitos Humanos, aliás mais um ministério para abrigar apaniguados, vir a público lamentar a carnificina que se promove nas fileiras da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Também é querer muito de um país que cria leis para defender bandidos em detrimento da população honesta e trabalhadora. Na realidade as pessoas de bem, no Rio de Janeiro, estão à mercê da bandidagem, com ou sem colarinho branco, e com medo de recorrer à justiça, pois correm o risco de serem processadas por calúnia e difamação.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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