A casa da Suíça em Nova Friburgo

quarta-feira, 14 de março de 2018

Da reaproximação de Fribourg e Nova Friburgo, a partir de 1978 e da fundação das associações AFNF (Asssociation Fribourg-Nova Friburgo) e da ANFF (Associação Nova Friburgo-Fribourg), algumas realizações apareceram, sendo a primeira e, talvez, a principal a Casa da Suíça, que começou com a queijaria escola e virou um grande empreendimento. Ela foi fundada em 1º de agosto de 1987 e Othmar Raemy foi o seu primeiro queijeiro e formador dos que vieram a seguir. Ele ficou à frente da produção de 1987 até 1989 e, infelizmente, faleceu em 30 de novembro de 2015.

A queijaria, em Conquista, distrito de Campo do Coelho, produz 18 tipos de queijos, sendo o moléson o mais famoso deles. Para essa produção são utilizados, anualmente, cerca de 900 mil litros de leite, dos quais 200 mil são de cabra (essa informação pode estar defasada). Os queijos são comercializados com a marca Frialp que passou a ser uma divulgadora da cidade. Para quem quer aprender a arte de produzir queijos, existem cursos promovidos pela queijaria.

Em 2003 surgiu a ideia se de criar uma chocolataria, aproveitando a tecnologia suíça, produtora de um chocolate mundialmente conhecido. A ideia deu tão certo que hoje o produto é parte integrante do empreendimento, apesar de sua produção só ser disponibilizada no próprio local da fabricação.

 De acordo com uma reportagem de A VOZ DA SERRA, publicada no último dia 8, “ali durante o ano inteiro são promovidos cursos, palestras e há sempre uma variedade de delícias à base de chocolate que atraem visitantes de todas as idades.” A partir de 2009, sempre em agosto, dentro das comemorações da data nacional da Suíça, foi criado o Festival do Chocolate, mas era mais um evento restrito. A partir de 2013 foi repaginado, com ampla divulgação na imprensa e grande afluxo de público. Foi um sucesso total, sendo incorporado ao calendário turístico da cidade.

Sendo um local difusor da cultura e tradições helvéticas, a arquitetura da construção lembra um tradicional chalé, em versão amplificada. No seu interior encontra-se também o museu da colonização. São mostrados os preparativos da viagem, da travessia do Atlântico e da subida da Serra do Mar até a chegada à fazenda do Morro Queimado, onde se localizava a recém-fundada Nova Friburgo, destino dos dois mil colonos suíços que partiram de Estavayer-le-Lac, em 4 de julho de 1819.

Utensílios da época, uma reconstituição de um quarto de casal, roupas típicas, enfim tudo que se pode coletar para mostrar a odisseia dessa viagem que foi repleta de contratempos. Apresenta a lista com o nome dos que aqui chegaram, ancestrais das famílias friburguenses que vivem até hoje na cidade. Um sistema de pesquisa moderno permite uma busca completa sobre o lugar de origem, a genealogia e os locais de assentamento desses ancestrais.

Além do museu, tem um moderno anfiteatro, com acomodação para 200 pessoas, dotado de um sistema multimídia que permite conferências, exibição de filmes e apresentação de corais e outras manifestações artísticas de pequeno porte. Além disso, um amplo espaço comercial, destinado à venda dos produtos fabricados sob o selo Frialp. Um pequeno bistrô propicia a degustação desses itens, sem falar do restaurante Heidi, que serve pratos típicos da culinária suíça.

Na parte externa temos a estátua de Guillaume Tell, herói nacional suíço e a maior no mundo com 3,09 metros, o galpão Encanto e Arte, que abriga cerca de 20 artesãos, com exposição e venda no local. Mais recentemente, em 24 de fevereiro deste ano, foi inaugurada a fábrica da cervejaria artesanal Alpendorf, com produção inicial de três mil litros por mês.

Um empreendimento dessa natureza precisa de gestão e de suporte financeiro. A gestão está a cargo de um conselho administrativo composto pelo cônsul da Suíça, no Rio de Janeiro (atualmente o sr. Rudolph Wyss), e por dois representantes de ambas as associações. A diretoria do IFNF (Instituto Fribourg-Nova Friburgo) tem como superintendente Juvenal Condack, Antônio Batista como diretor tesoureiro, Elisabeth Castilho como diretora secretária, Márcio Folly como diretor adjunto e Rosane Canto como diretora do centro cultural.

O aporte financeiro principal vem da Suíça, via consulado, uma vez que existe um interesse muito grande em manter viva a história da imigração helvética no Brasil, onde Nova Friburgo foi o marco inicial. Como exemplo, o enorme telhado da casa foi restaurado entre 2009 e 2013 e financiado pela Loterie Romande.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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