Cabo Frio, uma cidade a ser imitada

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Frequento Cabo Frio desde os meados da década de 70 e é interessante acompanhar o crescimento da cidade ao longo de todo esse tempo. Consciente de sua vocação turística e sabedora de que o turismo seria uma de suas fontes de receita, na época a mais importante, ela sempre investiu naquilo que tem de mais importante, ou seja, a beleza de seu litoral e a exuberância de sua natureza. Estivesse ela situada num estado menos corrupto que o do Rio de Janeiro, com certeza já teria atingido o nível dos melhores balneários europeus. Mesmo assim, com toda a malversação das verbas públicas, com o alto grau de oportunismo de seus políticos, Cabo Frio após o advento dos royalties do petróleo deu um salto de qualidade e desenvolvimento de causar inveja.

Com a re-remodelação da orla da praia do Forte, exigência do Ibama e do Ministério Público, o que já era bonito ficou melhor, e a recente inauguração de um shopping center moderno, com lojas espaçosas, funcionais e com decoração de bom gosto, fruto de um trabalho de orientação profissional, a velha cidade praiana deu um salto de qualidade. Além de abrir espaço para a contratação de cerca de dois mil e quinhentos empregados, Cabo Frio se coloca como polo de atração dos municípios vizinhos, sela como líder de consumo e lazer, seja no crescimento do fluxo turístico, com seu aeroporto em pleno funcionamento tanto no movimento de passageiros como no de carga, o que gera maiores receitas para o município.

Ao contrário da velha Suíça Brasileira — que fez de sua pedra-símbolo, o Cão Sentado, a imagem de seu momento atual, ou seja, sentada nas glórias do passado —, Cabo Frio oferece acolhida aos da terceira idade com um comércio variado de boa qualidade e bom preço, bons restaurantes e um atendimento médico, seja público ou privado, que funciona, ou pelo menos não é alvo de reclamações constantes. Como resultado disso, cresce o número de aposentados que estão fixando residência na região dos lagos. Tanto prefeito como vereadores não deixam nada a dever aos nossos, mas pelo menos lá, existe a certeza de que mostrando serviço a perpetuação política fica mais fácil e menos onerosa. Quem ganha é a população, pois a classe política vai com menos sede ao pote.

As obras ainda não terminaram, pois próximo ao Estádio Correão, onde o trânsito é caótico e os engarrafamentos uma constante, a prefeitura está transformando o canteiro central numa grande área de estacionamento, para retirar os carros das calçadas e tornar o fluxo de veículos mais rápido. Aliás, essa é uma das vias de acesso na chegada do Rio de Janeiro, portanto merece uma melhoria. Talvez, em função das modificações para melhor que Cabo Frio apresenta hoje, o time local, a Cabofriense, seja líder do campeonato de futebol do estado.

Creio que não seria vergonha nenhuma se a atual administração de Nova Friburgo fizesse um estágio no balneário mais charmoso do Estado do Rio de Janeiro, com o intuito de devolver à outrora Suíça Brasileira todo o charme e a beleza que ela um dia já teve. Natureza exuberante, clima de montanha, povo acolhedor é o que não nos falta. 

Mas, tomando emprestado o final daquela velha piada, concluiria: Interpelado por São Pedro por ter dotado Nova Friburgo de tanta beleza, em detrimento de outras cidades, Deus respondeu: ”Você vai ver os políticos que colocarei ali”.

TAGS:

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.