Brasil encerra a Rio 2016 com fecho de ouro

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

É muito difícil separar as emoções no que diz respeito ao jornalista e ao torcedor, ainda mais quando o assunto são os 31º Jogos Olímpicos, a Rio 2016, a primeira olimpíada a ser realizada em solo sul americano.

Mais difícil ainda é tocar no assunto sem ter estado presente, ao vivo e a cores, em nenhum dos eventos, seja esportivo, ou festivo. Daí ter de me basear em relatos de quem lá esteve, como foi o caso do meu filho mais velho, que veio de Brasília, especialmente para esse fim.

Cercada de dúvidas, medos e angústias o evento começou a mostrar sua verdadeira face já na festa de abertura que encheu os olhos de todos, brasileiros e estrangeiros, avant première do que estava por vir.

 Diferente da abertura da copa do mundo, um horror, a da Rio 2016 mereceu elogios de todos, inclusive da imprensa estrangeira. Também pudera, ficou a cargo de brasileiros que entendiam do assunto, deixando de ser um acontecimento formatado pela Fifa, no caso da Copa do Mundo.

O “affaire” das instalações reservadas à delegação da Austrália, serviu de alerta para que se fizesse uma operação pente fino nas demais, aliás o que deveria ter sido feito antes da inauguração oficial da Vila Olímpica. Dali para frente os problemas foram pontuais, comuns aos que ocorreram em outras edições das olimpíadas.

Uma das maiores preocupações era com relação ao trânsito e ao deslocamento dos torcedores pelos vários locais de competições, divididos entre a Barra da Tijuca, Copacabana, Aterro do Flamengo e Deodoro. Segundo informações que recebi o BRT, o metrô, mesmo a linha 4 inaugurada na véspera da abertura e os trens da Super Via, deram conta do recado; havia sim um tempo de espera, em média dez a 15 minutos, mas jamais devemos nos esquecer de que o Rio de janeiro recebeu cerca de um milhão de turistas entre estrangeiros e brasileiros.

Mesmo as grandes cidades europeias e americanas, com todo o transporte público de primeira que ostentam, teriam esse mesmo tempo de espera. É muita gente a ser transportada.

Com relação à onda de violência que impera na capital do estado e ao receio de atentados terroristas, parece que as forças de segurança atuaram com eficiência e não tivemos relatos de aumento de roubos ou crimes cometidos, também possíveis em eventos com tamanho número de participantes.

Se não foi um mar de rosas, também não houve aumento da criminalidade, se levarmos em consideração o aumento brutal de pessoas circulando pelo Rio. Além do mais, pode ter havido uma omissão do que ocorreu, fato comum lá fora. Ou alguém tem dúvidas de que não existe criminalidade nas grandes cidades estrangeiras. A diferença é que lá, não sai na imprensa como aqui.

Mas, foi no campo puramente esportivo que fomos muito bem, obrigado. Sete medalhas de ouro, aliás, com uma inédita, a do futebol masculino, perseguida desde 1952, em Helsinque, quando o Brasil estreou nessa modalidade olímpica. Além dessa, as do judô, vela, vôlei masculino de praia, vôlei masculino de quadra, salto com vara e boxe.    

Ganhamos ainda seis de prata e seis de bronze com direito a um atleta que recebeu três medalhas numa única olimpíada, na canoagem de velocidade, duas de prata e uma de bronze, fato inédito, ou seja, no esporte em questão e no número de condecorações.

A se destacar também a nossa chegada à final por equipe na ginástica artística, a participação das equipes brasileiras de handebol que pela primeira vez avançaram até as quartas de final, a brilhante participação no tiro esportivo, com uma medalha de prata, no taekwondô com uma de bronze e uma de bronze na maratona aquática.

Se tivéssemos a cultura esportiva no sangue, como temos a do futebol - e esse vai ser o desafio maior de nossas autoridades, despertar esse sentimento no povo brasileiro - tenho certeza de que o Rio teria sido um diferencial maior como foi a Londres 2012 para o desporto inglês; basta ver a colocação da Inglaterra na Rio 2016, segunda colocada no geral.

Parabéns ao povo brasileiro em geral e aos cariocas em particular, pela torcida apaixonada aos nossos atletas, estímulo que nunca faltou e que foi o diferencial em muitas das finais a que chegamos. Fomos às lágrimas nas derrotas por pouca diferença e nas vitórias que lavaram a nossa alma.

A festa de encerramento foi o grandfinale desses 16 dias e se de um lado a saudade já se torna uma realidade, de outro mostrou que somos um povo competitivo e festeiro; se tivéssemos políticos à altura da grandeza do nosso povo, com certeza seríamos um país muito melhor.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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