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Botafogo vai de mal a pior
Mesmo de longe acompanho o meu Fogão, infelizmente em curva decrescente no atual Campeonato Brasileiro. Após a quinta derrota consecutiva e aproximando-se a passos largos da zona de rebaixamento, eis que a diretoria encontrou uma carta na manga, velha companheira do nosso futebol, ou seja, demitiu o técnico. Aliás, investiram no homem errado, pois uma coisa é comandar o time Sub-20 do Botafogo, com o qual Barroca foi campeão brasileiro; outra é estar à frente do plantel profissional, numa competição que conta com a nata do futebol do Brasil.
Sem experiência nenhuma com atletas profissionais, foi alçado à condição de treinador da equipe principal, um dos plantéis mais fracos que já vestiram a camisa alvinegra. Deu no que deu. Sua filosofia de jogo pode ser utilizada em equipes com jogadores diferenciados, em que a posse de bola é a tônica, tipo o Barcelona da época de Guardiola. Mas numa equipe com um meio de campo medíocre e lento, com jogadores capazes de errar passes a menos de dois metros de distância, tal filosofia soa como piada de mau gosto.
Muitas derrotas vieram de gols sofridos exatamente na roubada de bola, em consequência desses erros primários. Aliás, a preparação de atletas, nas equipes de base, tem deixado muito a desejar, pois os fundamentos do futebol como dribles, passes e saber centrar com precisão, ficam relegados a segundo plano, quando na realidade são a base do velho esporte bretão. Além disso, o atual plantel botafoguense sofre com a falta de atacantes de bom nível, o que faz com que seu ataque seja um dos piores do Brasileirão, versão 2019, sem falar que sua defesa também é uma das mais vasadas, com déficit negativo de seis gols. Só ganha dos quatro últimos colocados.
Faltando 15 rodadas para o final do campeonato, seis vitórias o livrariam de uma nova queda para a segundona, mas numa equipe que só ganhou oito jogos, dos 23 até agora disputados, não é uma tarefa tão fácil assim. O pior é que o técnico que assumir no lugar do demitido vai levar algum tempo para conhecer o plantel e escolher os 11 menos piores para entrar em campo e tentar manter o time na primeira divisão.
O tapa buraco da vez chama-se Bruno Lazaroni, que faz parte do departamento de futebol há algum tempo e, em tese, conhece o plantel atual. O problema é que não cair é fundamental para o Botafogo, pois após o estudo levado a cabo pelos irmãos Salles, mostrando a viabilidade da transformação do futebol alvinegro numa empresa, permanecer na divisão de elite do campeonato brasileiro é de suma importância. Nenhum empresário, de sã consciência, investiria num clube de segunda divisão, com todas as mazelas que ela carrega e sem garantias de um retorno imediato no ano seguinte.
Num clube cuja saúde financeira está comprometida desde a muito, técnicos de primeiro escalão ficam inacessíveis em função dos seus altos salários; e os demais, são uma incógnita, principalmente quando assumem uma equipe quase em final de temporada. Por isso Bruno Lazaroni fica até quarta-feira, quando o Fogão enfrenta a equipe do Goiás, ainda do seu estádio, o Nilton Santos; uma vitória daria uma aliviada no atual plantel e, dependendo da atuação, manteria Lazaroni por mais tempo.
Num clube que está com salários atrasados há dois meses, tudo fica mais difícil, pois não é fácil entrar em campo, num calendário desumano como é o oferecido pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O pensamento do jogador fica fora do campo, em suas contas a pagar, na família a sustentar e numa possível contusão que o deixe afastado dos gramados por muito tempo. Como tudo acontece com o Botafogo, quem sabe ainda se consiga dar a volta por cima?
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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