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Botafogo, sua estrela solitária te conduz
Apesar da surpreendente derrota para o São Paulo, no último sábado, a equipe do Botafogo merece um artigo dedicado a ela. A equipe da estrela solitária vencia por três a um e, nos derradeiros sete minutos do jogo, sua defesa foi vazada por três vezes. Com isso o resultado final foi a vitória do tricolor do Morumbi, pelo placar final de quatro a três.
O interessante é que até esse confronto o Fogão era exatamente o contrário, com uma defesa sólida e um ataque quase inoperante, resultando em vitórias magras com placares de no máximo dois gols a favor. O calendário massacrante do futebol brasileiro pode, em parte, explicar esse resultado, uma vez que o time de General Severiano disputa três competições simultâneas, a saber, o Brasileirão, a taça Brasil e a Libertadores das Américas. Jogando contra o Atlético Mineiro na quarta-feira passada, o time se classificou para as semifinais da Taça Brasil e menos de setenta e duas horas após, voltava a campo para enfrentar o São Paulo. A equipe do Corinthians, que disputa apenas duas competições, é disparada a líder do campeonato. É uma equipe muito mais descansada, o que é um grande diferencial.
No entanto, temos a destacar no Botafogo duas características que chamam a atenção, num futebol tão mercenário como o que é jogado nos dias de hoje. Apesar de ser um elenco enxuto, com poucas opções para o treinador na hora de fazer substituições, sem craques, pois todos são quase do mesmo nível, a garra com que disputam cada jogo é inquestionável. Some-se a isso, a confiança que depositam em Jair Ventura, o treinador atual, que tem o time na mão e montou um esquema de jogo adaptado ao grupo. Nas duas únicas vezes em que tentou modificá-lo, contra o Avaí e contra o São Paulo, não deu certo e a derrota foi o resultado final.
Nem de longe o Fogão tem uma equipe como aquelas que encantaram os amantes do futebol num passado nem tão recente assim, com craques que brilharam no futebol brasileiro e que foram presenças marcantes na seleção nacional, mas sem dúvida alguma essa é a mais aguerrida. Tanto é assim que sua torcida, que de trouxa não tem nada, tem correspondido e, talvez, o público pagante nos seus jogos seja o maior dos últimos anos. Raramente se exibe para menos de dez mil torcedores, pelo menos nos jogos disputados no Rio de Janeiro. Hoje, podemos afirmar sem medo de errar, que não são testemunhas, mas sim torcedores que vão ao estádio.
Outro ponto a destacar é o fato de ser um grupo barato, pois se comparado com o plantel do Flamengo, esse gasta pelo menos cinco vezes mais com o salário pago a seus jogadores. No momento atual do futebol do estado é quem investe mais no departamento de futebol. Isso mostra que o trabalho de garimpagem realizado pelos componentes do seu departamento técnico tem sido eficiente, assim como a formação da equipe de base, dos futuros atletas, tem dado frutos. Pelo menos sete jogadores do time juvenil subiram para o grupo dos profissionais.
Se o Fogão vai ser campeão de pelo menos um dos torneios que disputa, só o tempo dirá, mas é inegável que isso é possível, coisa difícil de acreditar em anos anteriores. A crônica esportiva e os torcedores das equipes rivais continuam a desprezar, ridicularizar mesmo, o alvinegro da estrela solitária. Talvez por inveja ou por despeito, pois não é qualquer um que sai da zona do rebaixamento do campeonato brasileiro e se classifica para a Libertadores das Américas. Sétimo colocado no Brasileirão, semifinalista da Taça Brasil e a um empate das quartas de final da Libertadores. Sua torcida agradece o esforço desses jogadores e tem consciência de que como diz o seu hino, “sua estrela solitária te conduz”.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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