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Botafogo leva a torcida à loucura
Nada mal para um time que ao final do primeiro turno do Brasileirão estava fora da zona do rebaixamento, mas lá esteve por muito tempo, chegando a ser o vice lanterna. Nessa fase ficou na décima terceira colocação, com 23 pontos ganhos e saldo de gols negativo em cinco.
Decorridas cinco rodadas do segundo turno, o Botafogo está no oitavo lugar e com saldo de gols positivo em um. Na realidade está a 12 pontos do líder Palmeiras, e não seria nenhuma utopia sonhar com uma vaga na Libertadores do ano que vem.
Talvez seja uma das equipes mais fracas com que o “glorioso” já disputou o campeonato brasileiro, mas se perde em valores individuais para os atuais quatro primeiros colocados, ganha em determinação, disciplina tática e conjunto.
É o exemplo típico de que a união faz a força, de que a vontade de escapar de um novo rebaixamento compensa a falta de qualidade em muitas posições e faz com que aqueles com uma técnica mais apurada chamem para si a responsabilidade de levar o time a se superar.
É o caso do recém-chegado Camilo, jogador que arrumou o meio campo do Botafogo, deu-lhe a qualidade que faltava e marcou dois golaços, um contra o Grêmio, para mim o mais bonito do campeonato, numa bicicleta acrobática, outro contra o Cruzeiro, na rodada do último fim de semana, em que bateu de primeira um cruzamento vindo da lateral esquerda.
Isso sem contar que um dos atuais artilheiros do Brasileirão, com dez gols marcados até agora, é Sassa, atacante do Fogão. O que mais chama a atenção é que ele só passou a ser titular nos últimos cinco jogos.
Digo sempre que o alvinegro da Rua General Severiano tem o mesmo problema crônico do Brasil, ou seja, a corrupção maldita que põe tudo a perder. Em 1977, durante a desastrada administração do presidente Charles Borer, o clube foi obrigado a vender a sua sede e mergulhou numa crise que perdurou por 21 anos, quando em 1989, finalmente, levantou o campeonato carioca daquele ano. Até então, sempre fora um time vencedor e de craques.
No entanto, recentemente, com Maurício Assunção, aliás banido do quadro social do clube, talvez por ser muito boa gente, o Botafogo chegou à beira da falência e, de quebra, ainda amargou uma nova segunda divisão.
Com o Brasil se passa o mesmo, pois é incompreensível que um país com as riquezas naturais que tem, com um povo capaz de produzir pessoas de destaque em todos os domínios, de se igualar aos gênios de outros países, continue a amargar uma situação de penúria econômica, fruto de governantes despreparados e, em sua grande maioria, corruptos.
É bem verdade que muito dessas mazelas são fruto de escolhas incompreensíveis, feitas por eleitores sem a mínima cultura política. Deixam se levar por falsas promessas e se tornam capazes de escolher políticos sem a mínima vocação pelo desenvolvimento e crescimento da sociedade, da coletividade. Visam apenas os próprios interesses.
Com mais três vitórias o Fogão escapará, em definitivo, de um possível retorno à série B e, se mantiver o desempenho atual, obter uma boa colocação no atual torneio, podendo aspirar um futuro bem melhor. Do mesmo modo, se conseguirmos eleger candidatos capazes, não a mesmice de sempre, quem sabe não seremos um país melhor?
Mas, em se tratando do time da estrela solitária, é preciso cautela, pois assim como a certeza de uma vitória só se confirma quando o juiz entrega a súmula, ainda temos muito campeonato pela frente.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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