Algum dia veremos o Brasil na lista dos países sérios?

segunda-feira, 04 de julho de 2016

Uma das coisas mais difíceis que existem é fazer uma análise do Brasil seja no campo ético, moral ou cultural. Aliás, não que nossos antepassados tivessem essa dificuldade, pois até o início da década de 60 do século passado, isso aqui não era um mar de rosas, mas nossas instituições tinham credibilidade, umas mais do que outras, nossas escolas públicas ou privadas forneciam um ensino de qualidade, a saúde pública mesmo sem contar com os avanços de hoje, era muito melhor. Com isso, o brasileiro tinha muito mais orgulho de seu país do que hoje.

Eu, não tenho nenhum, se pudesse escolher onde nascer, com certeza não seria na terra descoberta por Cabral; do alto dos meus 66 anos e da minha experiência de vida, sinto pena daqueles que estão por nascer ou ainda não completaram a maioridade. O destino deles é o mais sombrio possível.

Com os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo chafurdando na corrupção que país pode sonhar em ser uma nação digna e próspera? Nenhum. É só mergulhar na história do mundo para compreender que todos os impérios que dominaram a Terra, sucumbiram quando a corrupção ganhou espaço no dia a dia desses gigantes.

Se ao invés de estarmos deitados eternamente em berço esplêndido, fossemos uma sociedade decidida e consciente de direitos e deveres, talvez nossa história pudesse ter sido escrita de outra maneira. Mas, infelizmente queremos nossos direitos e, em contrapartida, ignoramos os deveres que um cidadão comum deve ter para usufruir, com plenitude, de seus direitos. Todos os dias o brasileiro comete um ato corrupto, mas ele não o é, corruptos são os outros.

Nossos desembargadores e juízes exigem respeito, mas diuturnamente vemos decisões descabidas, fruto de algum comprometimento escuso e inconfessável. Nossos políticos, cada vez mais dignos de desprezo, ficam indignados com a imprensa, séria, quando essa divulga suas tramoias e golpes contra o erário público. Aliás, talvez sejam forjados numa máxima que recebi, recentemente: “O problema do Brasil é que, quem elege os políticos não é o pessoal que lê jornal, mas que dele se serve para outros fins! ”.

Na realidade isso explica o porquê da volta à política, daqueles que dela foram alijados por infringirem a ética e a moral. Vejam o caso de Fernando Collor de Mello, Renan Calheiros, Jader Barbalho, Severino Araújo e muitos outros. Tiveram seus mandatos cassados e, dez anos depois, voltaram nos braços do povo. Diga-se de passagem, o mesmo povo que clama por saúde, educação e segurança.

Mal começa a propaganda eleitoral para prefeitos e vereadores e o jargão de sempre está na boca desses candidatos bolorentos, pois se tornaram políticos profissionais. Já tem candidato prometendo fazer tudo pela saúde, pela educação e pela segurança. Se fossemos um país sério, com uma classe política de gabarito, não essa de araque que temos, teríamos dispositivos que fiscalizassem e cobrassem as bravatas de campanha ditas da boca para fora com o único objetivo de enganar o eleitorado mais humilde.

É urgente uma reforma política que monitore aqueles que são eleitos e puna, até com perda do mandato, os que enganam o eleitor sem o menor pudor. A operação Lava-Jato está mostrando o grau de corrupção que denigre as instituições brasileiras, todos os dias temos um escândalo novo. 

No entanto, nossos representantes tentam de todas as maneiras limitar ou mesmo acabar com essa investigação, pelo temor de verem seus nomes nas listas da Polícia Federal. É preciso que saiamos de nosso imobilismo e defendamos os procuradores e juízes do bem, interessados em deixar para nossos descendentes um país sério e não esse, motivo de chacota internacional; e o que é pior, sem que a sociedade brasileira possa dar uma resposta à altura.

Teremos eleições em outubro, que nossos eleitores votem com consciência e conhecimento, não em candidatos feios ou bonitos, amigos da família ou que prometem mundos e fundos. Tenha sempre duas coisas em mente: em caso de dúvida anule o seu voto, não eleja o menos ruim; a multa por não comparecer à seção eleitoral é mais barata que a passagem de ida e volta, portanto, não vale a pena sair de casa para votar em qualquer um. Está mais do que na hora de mudarmos o Brasil.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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