Ainda sobre a matança nos presídios do Nordeste

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A violência está no ar nesse início de 2017, e mais uma rebelião eclode num presídio, dessa vez em Natal, Rio Grande do Norte, com 26 mortos. Segundo foi apurado, pelo menos 24 presos foram decapitados e dois, queimados. A disputa entre as diversas facções criminosas, que abrigam bandidos, pode ser uma das várias possibilidades para tal matança, mas ela por si só não explica essa barbárie em série. Um exemplo está no sistema prisional do Espírito Santo que não registra nenhum distúrbio ou mortes nos últimos dois anos. Milagre! Não competência e inteligência que faltam na maioria dos estados da federação.

Talvez o sucesso capixaba esteja no controle rigoroso do acesso aos seus presídios. Todos são revistados e nada é entregue aos presos sem uma detalhada vistoria. Parentes, advogados, juízes e funcionários são honestos até prova em contrário, mas ninguém traz estrela na testa e, quando as verdinhas estão presentes, muitos vendem até a alma ao diabo. Além disso, existe todo um cuidado com a reeducação, a instrução, a manutenção da saúde e dos cuidados básicos aos quais todos cidadãos tem direito, inclusive os detentos.

Na rebelião de Manaus, na semana passada, descobriu-se um esquema de corrupção dentro do Compaj, o que levou à demissão do seu diretor. Na véspera, dois detentos denunciaram à Justiça estadual que diretores do presídio recebiam dinheiro de organizações criminosas para permitir a entrada de armas, drogas e celulares na unidade. Não é preciso dizer que esses dois presos estavam entre as vítimas da chacina.

Portanto a corrupção é a erva daninha que destrói a sociedade e que, infelizmente, disseminou-se em dose dupla durante os 12 anos do PT, no poder. Que moral tem um homem público, um policial, um juiz, um delegado, um cidadão de cobrar retidão se ele mesmo não der o exemplo? Um país onde a corrupção atinge níveis desproporcionais não tem a mínima condição de progredir. Aprendemos desde pequenos que é feio denunciar os pequenos delitos que por ventura presenciamos; no entanto, a omissão é o maior combustível para a degradação de uma sociedade.

Nesse estopim em que o Brasil se transformou, no que diz respeito ao quesito segurança pública, ainda temos uma agravante terrível. Sérgio Cabral, claro que não é só ele, ajudaram a quebrar o estado do Rio de Janeiro; assim, o funcionalismo público estadual amarga uma das maiores crises financeiras de que se tem notícia. Policiais civis e militares são funcionários públicos, e não venham com esse papo furado de que são empregados diferenciados, pois têm família, contas a pagar e outras despesas inerentes à vida em sociedade.

Em sinal de protesto, a Polícia Civil do estado parou de registrar as ocorrências, só o fazendo nos casos graves. Estão com salário de dezembro e o décimo terceiro bloqueados. Será que nossos deputados, procuradores, juízes, secretários de estado, governador também estão a ver navios? Muito pouco provável.

Acontece que essa paralisação gera mais insegurança numa cidade na qual a violência é uma realidade cruel. Se com policiamento ostensivo os assaltos, arrastões, estupros, roubos são uma constante, imagine-se o sentimento de medo que acomete o cidadão comum, nesse momento, aquele mesmo indivíduo que paga os impostos que lhe são metidos goela abaixo. Sem falar na estatística mórbida de dez policiais militares assassinados em dez dias.

O crime está vencendo, a sociedade se deteriorando e a desesperança acometendo os nossos jovens. Uma grande maioria se pudesse, se mandava em busca de qualidade de vida e de segurança. Pobre Brasil que do ufanismo criado nos governos militares com a famosa marchinha ”Esse é um país que vai pra frente”, transformou-se num enorme caranguejo que ou anda para trás ou para os lados.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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