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Agência Brasileira do Desenvolvimento Industrial
A leitura diária dos jornais, se por um lado, nos mantém antenados com o dia a dia do país e do mundo, por outro é uma fonte constante de estresse e irritação. Desde 2002 que o Brasil assiste estarrecido à pilhagem de suas instituições por parte do governo e dos apadrinhados, levando o país ao caos financeiro total, com dívida interna muito alta e com o rebaixamento do grau de investimentos por parte das agências reguladoras internacionais. Doa ou não aos petistas, todo o trabalho desenvolvido primeiro por Itamar Franco e, depois, por Fernando Henrique Cardoso, na estabilização da moeda brasileira, foi substituído por um programa cujo único propósito é a manutenção do poder não importa os meios. A meu ver os programas sociais têm muito a ver com a fidelização dos eleitores de baixa renda.
Em governos medíocres, como é o atual, a começar pelo chefe de Estado e passando por seus assessores diretos e ministros, a única coisa que sabem fazer é desdenhar das classes mais favorecidas, taxando-as de aproveitadoras e buscando no aumento dos impostos a solução para os absurdos que cometeram. Se por um lado afagam a classe operária, visando sempre as próximas eleições, por outro as apunhalam cruelmente, pois nada pior do que pagar impostos por via indireta. As classes menos favorecidas, incapazes de obter informações por seus próprios meios, são enganadas o tempo todo e, pior, ainda repetem os bordões fabricados pelos marqueteiros matreiros e espertos. Não faz muito tempo o ministro da Fazenda, Nélson Barbosa, disse numa entrevista que, se os indicadores econômicos não melhorassem, seria obrigado a congelar salários. Nem as centrais sindicais protestaram.
No entanto, quando nos deparamos com uma notícia como a estampada na edição de domingo do Globo: “Agência de governo é oásis de militantes”, tomamos consciência de como somos todos enganados e feitos de idiotas, por aqueles que nos governam. Vinculada ao ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, encontra-se, com um nome pomposo, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Nesse eldorado tupiniquim o presidente, Alessandro Golombiewski Teixeira, militante do PT do Rio Grande do Sul, coordenou o programa de governo na reeleição de Dilma. Seu salário atual é de R$ 39,3 mil e o de suas duas secretárias, R$ 19,4 mil. O chefe de gabinete tem salário de R$ 24,9 mil. Há ainda mais três militantes da campanha, em cargos de assessoramento, que recebem entre R$ 19,4 mil e 25,9 mil. A ABDI tem 200 funcionários, sendo dezenove em cargos comissionados, com salários que variam de R$ 9,5 mil a R$ 25,9 mil. O orçamento da agência para o exercício de 2016 é de R$ 108 milhões.
Para dar um toque maior de surrealismo, as diárias da diretoria executiva, nas viagens internacionais, no continente americano saltaram dos 400 dólares para 700 dólares; fora das Américas elas passaram de 320 euros para 700 euros. Militante é tão importante que essas diárias são superiores às dos ministros de estado.
Mas, com o país numa crise econômica seríssima, com a indústria nacional praticamente paralisada, poderíamos pensar que essa agência criada em 2004, o foi com a intenção desenvolver ações estratégicas para a política industrial brasileira, promovendo o investimento produtivo, o emprego, a inovação e a competitividade industrial do país, seria um instrumento de grande utilidade. No entanto, fracassou de verde e amarelo, pois não vemos nenhuma medida palpável para alavancar a retomada do crescimento industrial. Na realidade, ao que parece sua atuação é muito nebulosa.
O que não se entende é o discurso da presidente prometendo enxugar a máquina administrativa, cortar na carne os gastos supérfluos, com a intenção de fazer um ajuste fiscal convincente, e jogar tanto dinheiro fora na acomodação de militantes que trabalharam pela sua reeleição. Mais estranho ainda é forçar a barra em cima da aprovação da nefasta Contribuição Provisória da Movimentação Financeira (CPMF). Será que alguém do governo sabe informar quantos órgãos semelhantes à ABDI temos por aqui?
Sou da opinião que hoje no Brasil existem três tipos de pessoas: os que são contrários a todos os absurdos implantados pelo PT, PMDB e partidos da base, aqueles que se locupletam direta ou indiretamente da situação e não querem mudar, e os fanáticos de carteirinha, que acreditam mesmo ser Luís Inácio um estadista e não um espertalhão de primeira grandeza.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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