Advogados de Luís Inácio divergem na conduta a seguir

terça-feira, 26 de junho de 2018

“O ex-presidente Lula está pedindo nos recursos dirigidos aos tribunais superiores o restabelecimento da sua liberdade plena, porque ele jamais praticou qualquer ato ilícito. A condenação imposta ao ex-presidente, pelo juiz Sérgio Moro e pelo TRF-4, afronta a Constituição Federal e a lei. A defesa de Lula não apresentou ao STF ou a qualquer outro tribunal, pedido de prisão domiciliar.”

Segundo o jornal on line Jornal da Cidade foi assim que Cristiano Zanin, um dos advogados de Luís Inácio preso em Curitiba, por ter cometido atos ilícitos durante a época em que presidiu o Brasil, desautorizou o também advogado Sepúlveda Pertence. Sepúlveda, ex-ministro do STF, e outro componente da equipe de advogados de Luís Inácio, recebeu assim uma reprimenda de um colega inexpressivo, cujo maior mérito é ter um cliente de peso.

No meu modo de ver, Pertence percebeu, finalmente, que livrar Lula da cadeia seria tarefa impossível. Por mais que os petistas empedernidos e os crédulos que ainda defendem a inocência do preso mais famoso do Brasil, pensem o contrário, todos os inquilinos das cadeias brasileiras são unânimes em jurar serem perseguidos pela justiça, não tendo nenhuma culpa nos atos que motivaram sua privação da liberdade. É claro que se a solicitação da prisão domiciliar, de um lado, implica numa admissão da culpabilidade de Lula, de outro, ela o livraria do estigma do ser presidiário.

A contratação de um ex-ministro do STF para compor a equipe que o defende, mostra a meu ver, a insatisfação de Luís Inácio com Zanin e a sua esperteza, ao trazer para o seu staff uma figura com livre trânsito entre os manda chuvas da justiça brasileira. A possibilidade de influenciar decisões favoráveis aos seus anseios seria muito maior. Mas, ao ser desautorizado publicamente por um advogado neófito e sem expressão, a Sepúlveda Pertence só restaria abandonar o caso. Eu o teria feito, mesmo que os honorários fossem muito atraentes.

O projeto megalomaníaco de se eternizar no poder, fez com que o PT abandonasse as diretrizes que nortearam sua fundação e partisse para a velha e bolorenta orientação da politica brasileira de que os fins justificam os meios. Aliás, o combate à corrupção foi uma das marcas primordiais do partido, quando ele era de oposição, tanto que deputados e senadores do PT são alguns dos principais protagonistas das investigações que aconteceram contra políticos e governos antes do presidente Lula assumir o poder, em 2003.

Além do mais, quando da sua fundação, em 10 de fevereiro de 1980, ele aparece “rejeitando tanto as tradicionais lideranças do sindicalismo oficial, como também procurando colocar em prática uma nova forma de socialismo democrático recusando modelos já então em decadência, como o soviético e o chinês. Significou a confluência do sindicalismo basista da época com a intelectualidade da esquerda antistalinista”. As fichas iniciais de filiação foram preenchidas por nomes de peso como Apolônio de Carvalho, seguido pelo crítico de arte Mário Pedrosa, pelo crítico literário Antônio Cândido e pelo historiador e jornalista Sérgio Buarque de Hollanda.

Ao apregoar a inocência de Luís Inácio, depois das investigações exaustivas promovidas pela Polícia Federal, Ministério Público e promotores federais do grupo de Curitiba, a defesa dele parte para tentar denegrir a sentença emitida pelo juiz Sérgio Moro e corroborada pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª região, em Porto Alegre.

Assim, tentando comprovar o ditado popular de que água mole em pedra dura tanto bate até que fura, a defesa do ex-presidente não desiste. Seria mais inteligente trabalhar com o objetivo de diminuir a pena, jamais anulá-la.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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