A restauração da Praça Getúlio Vargas

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Auguste François Marie Glaziou nasceu em Lannion, na Bretanha, França em 1833. Formado em engenharia civil, estudou botânica no Museu de História Natural de Paris, aprofundando seus conhecimentos em agricultura e horticultura.
Em 1858, Glaziou veio para o Rio de Janeiro, a convite do imperador Pedro II, e durante muitos anos acumulou os cargos de Diretor dos Parques e Jardins da Casa Imperial e Inspetor dos Jardins Municipais, além de integrar a Associação Brasileira de Aclimação. Suas funções e sua ligação com o imperador lhe permitiram, durante o Segundo Império, estar ligado à maior parte dos projetos paisagísticos desenvolvidos na Corte, como as reformas do Passeio Público, da Quinta da Boa Vista e do Campo de Santana. 
Além dos jardins e parques públicos, Glaziou trabalhou, também, em projetos particulares, como os jardins da residência das princesas imperiais, da família do Barão de Nova Friburgo, do Barão de Mauá, no Rio de Janeiro, e de Tavares Guerra, em Petrópolis. 
Ainda em Nova Friburgo, no ano de 1881, Glaziou iniciou a obra paisagística da atual Praça Getúlio Vargas (na época conhecida como Praça Princesa Isabel) por encomenda do 2° Barão de Nova Friburgo, Bernardo Clemente Pinto Sobrinho. Ela atendia a uma necessidade de urbanização da área, que apresentava sérios problemas de alagamento, por se tratar de um pântano; foi essa a razão do plantio dos eucaliptos que até hoje embelezam e dão sombras ao logradouro. Aliás, ela foi tombada em 1972 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), daí a poda dessas arvores necessitar do aval daquele instituto. 
Por seu conjunto arquitetônico e paisagístico, a Praça Getúlio Vargas é um dos principais pontos turísticos da cidade. É em função disso que o poder público tem a obrigação de, ao reformar aquele logradouro, ser o mais fiel possível ao projeto paisagístico original. É preciso substituir as arvores centenárias que ameaçam vidas e patrimônio, em função de sua longevidade, mas há que ser feita por espécies semelhantes ou mesmo idênticas e, se possível voltando aos 200 eucaliptos originais, pois hoje eles são pouco mais de 60.  O que não pode é o descompasso atual em que árvores gigantescas convivem ao lado de árvores menores, secundadas pelos tocos das raízes daquelas que tombaram ou foram derrubadas. O pobre Glaziou deve estar dando cambalhotas em seu túmulo.
Sabe-se que nos dias de hoje uma boa iluminação é essencial para a segurança da população, principalmente nos locais em que circulam muitas pessoas ao entardecer e à noite. No entanto, deve-se respeitar uma das características de Glaziou, ou seja, o jogo permanente entre os tons de verde e a alternância de luz e sombra.
A vocação turística de Nova Friburgo vem desde os primórdios de sua fundação e aquele local, com a catedral de um lado, o Instituto de Educação do outro, além da Praça Dermeval Moreira, representam o cartão de visitas da cidade. Aliás, deve-se evitar a todo custo a completa descaracterização da Praça Getulio Vargas, como a que foi promovida na Dermeval Moreira durante o governo Saudade Braga.
Além da beleza paisagística de seus projetos, ele nos brindou com a descoberta de diversas espécies que receberam o seu nome, como a Glaziovia Bauhinioides, da família das bignoniáceas, descrita na Flora Brasiliensis, e a Manihot glaziovii (maniçoba), bem como a adoção de plantas brasileiras em praças e ruas do país. Agraciado com a Ordem de Cristo e a Ordem da Rosa, Glaziou permaneceu no Brasil até 1897, quando se aposentou e retornou à França, onde morreu em 1906.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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