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A paciência do povão tem limite
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Que país é esse? O que está por trás dessa revolta pelo aumento de 20% nas passagens dos ônibus de São Paulo e Rio de Janeiro? Por que tanta insatisfação contra um governo que só quer o bem do povo, faz tudo pelo pobre e vive em função do pobre? Serão tão ingratos esses pobres mais favorecidos, a ponto de cuspir no prato que comem?
O presidente Lula, que deu plantão por oito anos seguidos no palácio do Planalto, disse que a crise no Brasil não passava de uma marolinha; aliás, ele anda sumido, né não? A presidenta da vez garante que a economia está sob controle, apesar da inflação em alta e da disparada do dólar. Em quem acreditar, qual a real situação do Brasil, hoje?
Na realidade ninguém aguenta mais 13 anos desse governo petista, nenhum povo resiste a tanta incompetência e malversação do dinheiro público. Mesmo que o pobre não sofra tanto na hora de pagar seus impostos, ele também é punido com a elevação do custo de vida, pois as altas taxas pagas pelas indústrias, comércio, profissionais liberais se refletem sobre o custo final das mercadorias que ele é obrigado a comprar.
O estádio Mané Garrincha, que me recuso a chamar de arena, pois arena é o cacete como diz o Goes em sua coluna do O Globo, custou hum bilhão e duzentos milhões de reais, o Maracanã idem, o Mineirão cerca de oitocentos milhões de reais. Esse dinheiro foi pago com o suor do povo brasileiro, seja ele rico ou pobre, mas o que é pior, em detrimento das reais necessidades da coletividade, de um país. Nossas estradas são um desastre, nossos aeroportos uma calamidade, nossos portos têm a mesma estrutura da era pré-industrial, nossas indústrias não se modernizam e, portanto, não têm competitividade.
A saúde e a educação, aquelas mesmas que nossos políticos marotos prometem resolver no período pré-eleitoral e que no pós-eleitoral viram objeto de desdém, continuam na mesma penúria. O dinheiro gasto com os três estádios citados, dava para construir e manter pelo menos vinte hospitais de padrão.
Brasília não tem um único representante na elite do futebol brasileiro, isso significa que o Mané Garrincha vai virar um pasto de luxo para as vacas e cabras do planalto; o campeonato amazonense tem um público total que é inferior à capacidade do estádio ali construído para a copa de 2014. Aliás, esses gastos vão aumentar exponencialmente, pois como muitas obras estão atrasadas e a copa já está aí, vai ser usado o famoso recurso de suprimir as licitações em função da urgência de suas conclusões. O resultado é uma elevação do custo final, mas com apenas um detalhe: o Engenhão está podre menos de sete anos após sua construção e houve queda da cobertura do estádio de Salvador uma semana depois do seu jogo inaugural, etc, etc, etc.
A verdade é que o povo não aguenta mais tanta perniciosidade por parte dos nossos governantes, talvez tenha percebido, embora tarde demais, o quanto mentem e são caras de pau, ao deixarem claro que apenas precisam do voto desse mesmo povo para se perpetuarem no poder.
Situação esdrúxula a que chegamos: o pobre reclama por que não é atendido nas suas reivindicações, o rico porque tem consciência de que paga a conta, atualmente alta demais e sem ver o resultado prático dessa verdadeira exploração.
No entanto, é preciso saber protestar, tomar muito cuidado para não destruir bens de uma cidade, de um país, da sociedade. No Rio, jogaram coquetel molotov no Teatro Municipal, mas o prédio correto a ser queimado era próximo a ele, do outro lado da Cinelândia, o da Assembleia Legislativa.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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