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A incompetência é o maior de todos os males - 10 de agosto 2011
A Rua Galeano das Neves, como tantas outras do centro de Friburgo, foi invadida pelas águas do Rio Bengalas, na noite de 11 para 12 de janeiro. Ali elas subiram cerca de dois metros, inundando todo o térreo do Shopping da Praça, situado em frente ao INSS, e das lojas ao lado do mesmo instituto. Passados seis meses da maior catástrofe climática do Brasil, todos voltaram ao seu ritmo normal, exceto a Previdência Social.
Como um avestruz, que para driblar as dificuldades, enfia a cabeça num buraco numa demonstração pública de sua incompetência administrativa, o INSS interditou o térreo e subiu um andar com todos os riscos que isso poderia trazer aos usuários e funcionários, pois o prédio não tem elevador e voltou a funcionar como se nada tivesse acontecido.
Como Nova Friburgo é, desde 2002, uma simples agência, pois o comando da região foi concentrado em Petrópolis, restava à chefia local comunicar e aguardar ordens da “metrópole”. Esta, na figura do seu gerente, sabia dos problemas enfrentados por funcionários e usuários, mas não tomou as providências que se faziam necessárias, pois passados todos esses meses, o térreo da agência continua fechado. De concreto mesmo, a possibilidade de distribuir o pessoal efetivo para C. de Macacu, Teresópolis e Bom Jardim, orientando a população a procurar atendimento nessas localidades, com todos os ônus e riscos que tal medida possa acarretar.
Com a chegada do mês de julho a situação se agravou, pois pelo que sabemos, oito pessoas rolaram das escadas antigas e perigosas do edifício onde a agência do INSS está localizada. No dia 8 daquele mês foi uma segurada que teve de ser atendida pela ambulância do Corpo de Bombeiros e no dia 20, quem caiu (da escada) foi a própria chefe Sra. Ivonne Robert Motta, que necessitou ser hospitalizada com fraturas do punho e do frontal.
Segundo informações que nos foram prestadas, o INSS vai ocupar, em caráter provisório, as instalações onde funcionou o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente, na R. Eugênio Müller, em frente ao Senai, pertencente à própria instituição. As obras de limpeza e pintura estão sendo realizadas a toque de caixa e com essas medidas parece que o fantasma da movimentação de pessoal foi espantado, pois as denúncias dirigidas à superintendência regional sobre o precário estado da agência fizeram com que o ingresso de pessoas, servidores ou usuários fosse proibido, paralisando as atividades da seguridade social em Nova Friburgo, por alguns dias, já reiniciadas após uma solução provisória ter se materializado.
Por incrível que isso possa parecer, a superintendência do estado do Rio de Janeiro foi extinta e transferida para Minas Gerais. Ora, por mais que Nova Friburgo tenha sido notícia na mídia nacional e internacional e por mais que o superintendente seja uma pessoa interessada, a distância entre os dois estados dilui a eficiência e rapidez de qualquer medida, visto que imagens não transmitem a realidade dos fatos. Some-se a isso a inoperância de Petrópolis, gerência pelos caminhos tortuosos da política nacional e não por méritos, já que na época a cidade imperial contava com um deputado federal, depois cassado e um estadual, ex-prefeito municipal, que foram importantes nas negociações que relegaram Nova Friburgo a um segundo plano.
Segundo antigos funcionários, hoje aposentados, que enfrentaram enchentes anteriores, a situação atual já teria sido resolvida há muito tempo, pois as chefias daqueles tempos sabiam como aproveitar a boa vontade dos funcionários e num processo de mutirão, em pouco tempo teriam limpado as instalações e retomado o ritmo normal da prestação de serviço à população.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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