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Photoshop: usar ou não usar?, eis a questão
Estamos numa geração em que se presa mais, em uma fotografia, o uso do Photoshop — conhecido software de edição de imagens — do que a própria arte de fotografar ou mesmo a pessoa retratada. O que antigamente se esperava conseguir por horas seguidas, uma coloração exata do sol ou a lua imensa e brilhante no céu, hoje simplesmente se cria.
Dia desses, acredite ou não, uma modelo chegou no casting que estávamos fazendo e soltou a seguinte pérola: “Tô gordinha, mas vocês consertam no Photoshop”, deixando claro que não estava preocupada em cuidar do corpo em razão dos milagres da manipulação. Mas, e quando isso dá errado? Porque, para mim, muitas vezes, parece que exageram no tom da pele, deixando as pessoas da foto meio alaranjadas ou com aspecto de cera, ou começam a afinar tanto o corpo que as pessoas acabam saindo mutiladas.
E os exageros não param por aí. Não é difícil ver campanhas publicitárias ou capas de revistas com erros tão grotescos que começam a incomodar as próprias modelos e atrizes. Quem não se lembra da polêmica foto de Suzana Vieira? Quase um boneco do Madame Tussaud e, no dia seguinte, ela na praia sem nenhum efeito, com celulites e uma cor de pele não tão bronzeada.
Mas há outras vítimas. Preta Gil acabou aparecendo em uma revista com a pele branca e Manu Gavassi, que já tinha se incomodado com o uso do Photoshop e declarado isso publicamente, iniciou a campanha “Sou bonita e me amo do jeito sou” depois que seus fãs a questionaram por ela ter saído tão diferente na capa de outra publicação. Fernanda Vasconcellos também já apareceu sem umbigo em campanha de uma marca renomada de chinelos.
Agora, a última polêmica envolvendo o uso do Photoshop foi a campanha para divulgação das Paralimpíadas, com a atriz Cleo Pires e o ator Paulo Vilhena. E desta vez não pelo exagero e, sim, pelo mau gosto. Foi tanto que virou alvo de repulsa e indignação geral assim que foi lançada. Nesse caso, no entanto, acho um pouco de hipocrisia de muita gente, pois até o lançamento as vendas dos ingressos não estavam boas, mas depois de 48 horas chegou-se a números extraordinários.
Bom, coincidência ou não, não estou aqui para falar disso, mas do uso exagerado na edição e manipulação de imagens e do qual as campanhas se utilizam para atingir algo nada real. Vamos pensar bem sobre essa ilusão que vem tomando conta do mundo e pôr os pés no chão, como dizia minha vó. A realidade é que muitas pessoas se matam por esse padrão de beleza que não existe. E, cá entre nós, muitas vezes chega ao cúmulo do ridículo, motivo de chacota, o resultado final que se obtém com esse tratamento. Você quer isso pra você ou sua campanha? Vamos ser mais naturais!
Enjoy!
Marlon Portugal
Marlon Portugal
Marlon Portugal é stylist e já participou dos principais eventos de moda do país. Tem seu nome publicado em revista e blogs como LUI ITALIA, Lewis e Cake Londres, O Globo e Joyce Pascowitch. É personal stylist de várias atrizes e faz consultoria de moda.
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