Casual & chic

Quando falamos de escritoras brasileiras, quem vem à sua cabeça? A minha é Clarice Lispector de cara, que apesar de ser ucraniana se naturalizou brasileira — pernambucana, como ela dizia. Posso citar, ainda, Nélida Piñon, Rachel de Queiroz, que foi a primeira mulher na Academia Brasileira de Letras, e as autoras da nova geração — Thalita Rebouças, Bel Pesca e por aí vai. Com as duas últimas já tive o prazer de trabalhar e confesso que a energia delas é absurda.

Com Thalita fiz um trabalho de personal stylist para os dias de folia no carnaval de 2015 — foi bem bacana, mesmo tendo que ser rápido, pois não conhecia seu gosto e só havia visto uma vez. É engraçado esse trabalho com moda, pois temos que fazer a pessoa se sentir bem com coisas dentro do seu estilo mas que são um pouco diferentes do que elas vestem. Clarice era clássica, muito bem vestida, e fiquei imaginando como ela veria essas escritoras jovens, que vivem de tênis, bem mais descontraídas.

A própria Nélida é bem fiel ao casual chic, ostentou anos seu chanel sem nenhuma mudança em seu visual. Eu iria adorar fazer essa transformação: Thalita em Clarice ou Clarice em Thalita, acho que seria curioso. Mas, como poderia definir uma escritora? Realmente hoje não podemos dizer quem é quem apenas pelo seu estilo, já que não temos mais aquela imagem de antigamente de que escritoras seriam mulheres muito imponentes, que sua superioridade vinha através de sua inteligência e suas roupas formais. O mundo vem mudando bastante e com o passar do tempo vejo que as pessoas se preocupam mais em ser elas mesmas do que parecer alguém de alguma profissão. Acho isso muito bom, pois moda, pra mim, é uma forma de expressar quem você realmente é.