Tá de sacanagem!

Não raramente nossas experiências nos pontos de vendas são ilustradas por verdadeiros ocupantes da fauna comercial e culminam em um festival de atitudes inconcebíveis com o meio ambiente de vendas. Preguiças, cavalos, papagaios, morcegos, tartarugas são alguns exemplares desta selva que por vezes parece circo.

No último sábado, em uma loja de uma transversal a nossa principal avenida de consumo, um destes autointitulados vendedores partiu para o atendimento, na minha direção, imediatamente gelei (rsrsrsrs), eu e minha esposa fomos vítimas e em menos de 30 segundos nossa compra foi cruelmente assassinada: a tal vendedora conseguiu falar três frases e destruir todas as esperanças de vendas.

Deve ter sido um recorde, com direito a premiação extra por velocidade, eficiência e impedimento de contra-argumentação, foi realmente impressionante. Parecia um predador na cola de uma inocente caça; quando questionada por um dado produto, a criatura destruidora de vendas disparou: “só tenho esses aqui! (sem respirar, continuou), semana que vem chega mais... (sem olhar para nós, fechou com chave de ouro) e o que vem vem mais barato”.

Olhei para minha esposa, sem consegui conter o riso, saímos da loja para nunca mais voltar, e o mais interessante era o olhar da vendedora orgulhosa de ter prestado um “desatendimento” deste calibre.

O uso do “só” nos processos de vendas é terminantemente proibido, mas fartamente usado. O “só” restringe, limita, exclui o direito de escolha, que é o sagrado direito do consumo. Pagamos pelo que escolhemos, se não podemos escolher, não queremos pagar... é simples assim.

Quando se fala na “semana que vem”, adia-se uma decisão de compra, e isso só pode ser feito em último caso, como um “plano C” (nem plano B é!). Usar tal argumentação de cara é covarde e ineficiente. O comentário final do “mais barato” é a pá de cal... quem em sã consciência tomaria a decisão de comprar o limitado e mais caro podendo esperar só uma semana?! Pelo jeito como ela disse, acho que se estivesse precisando comprar um antídoto para picada de cobra, eu esperaria uma semana, tamanha o convicção que a vendedora tinha que não era bom comprar.

Aí eu pergunto: está ou não está de sacanagem, uma criatura destas?! Comprar é muito cansativo muitas vezes. Exaure nossas forças, nos obriga a lutar contra a manada de maus vendedores ou por vezes é muito divertido, porque nos deparamos com espécimes que misturam a intromissão de um guaxinim com a demência de uma barata, e aí o que nos resta é rir!

Mas entre risos e choros, fica o consumidor sem serviço adequado, empresário sem vendas adequadas, tudo porque alguns vendedores permanecem sem qualificação adequada. Tá de...