Seu voto está à venda!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Quanto vale seu voto? Exatos setenta e cinco reais! Oficialmente! É que serão gastos (ou investidos?!) R$ 11 milhões de reais na próxima campanha à prefeitura de Nova Friburgo, segundo os números oficiais declarados pelos candidatos a cadeira número um de nossa tão combalida cidade.

Quando pensamos no destino desta verba observamos a direta canalização deste montante ao material publicitário, àquele que é visível e pode ser quantificado pelo Tribunal Regional Eleitoral, ou seja, santinhos, panfletos, faixas, placas, uma legião de gente distribuindo e segurando esse material em cruzamentos e sinais, gente tomando conta desta gente, produção de material de vídeo, sites e monitoramento e abastecimento de redes sociais entre outras ações e materiais.

É fato que tal candidato, na regra geral, passa quatro anos longe do eleitor, sem investimento algum em relacionamento ou prestação de contas, então vemos que na verdade existe um orçamento de quatro anos que é reprimido e concentrado para atender a demanda de votação, e não a demanda de solução.

Mas não se assuste, tal fato acontece também em mercados cíclicos como de escolas tradicionais e de idiomas, ou outros mercados altamente sazonais, onde a comunicação se concentra no período que antecede a decisão de compra, como biquínis, sorvetes, ovos de páscoa, panetones e por aí vai.

Provavelmente se as pessoas só comprassem carros no mês de agosto, ou só fossem ao supermercado no dia primeiro de cada mês, tais mercados também manteriam uma política sazonal de comunicação, então ao que parece a política imita a vida, mas será mesmo?!

O que fica muito curioso nisso tudo é a recompensa, porque afinal todo processo publicitário busca uma recompensa, no caso de cursos de idiomas a panetones, de carros a supermercados, todos querem sua preferência que vai se transformar em escolha, em compra, em fidelidade, em recompra, em dinheiro, em rentabilidade, e esta é a recompensa, o pote de ouro ao final do arco-íris.

Mas, e na política, como fica isso?! Paixão? Convicção? Doação?! Voto pelo voto?! Páginas na história e nome em placas de bronze? Quais recompensas todo esse processo objetiva? Qual é o verdadeiro ganho que os candidatos políticos almejam? Afinal são onze milhões de reais oficiais a serem gastos ou investidos! (Gastos? Dá pra usar gastos, caro leitor?!)

Talvez seja hora de discutirmos mais abertamente quais investimentos pretendem ser recuperados nos próximos quatro anos de governo? Quais interesses serão atendidos nesta janela de poder que se abrirá?

Muito mais do que figurar em livros de história, o poder político sempre defendeu interesses econômicos que podem ser absolutamente legítimos e éticos, mas a conduta de pudor dá a qualquer iniciativa a perspectiva de pecado como ainda é para alguns acumular dinheiro na iniciativa privada.

Enquanto discutirmos que política é pura filosofia, muitos milhões serão investidos disfarçados gastos, e muitos votos serão dados pelas razões erradas, e o ético e o corrupto andarão vestidos em ternos de mesma cor, mas feitos de tecidos quase imperceptivelmente diferentes.

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.