Colunas
Servindo ao pedreiro
Quem já construiu sabe como é difícil construir... pedreiros que se lembram às prestações do que se precisa comprar, prazos sempre exíguos para tais providências, produtos de valor significativo e orçamento estourado, esse é o dia a dia da construção da classe média para baixo.
Não bastassem tais mazelas que envolvem as obras, as lojas de material de construção também ajudam a potencializar o sofrimento.
Seus horários de funcionamento atendem com perfeição o pedreiro e ao arquiteto, mas a imensa massa que constrói é de trabalhadores e pessoas que tem seus horários limitadíssimos e que coincidem com a indisponibilidade dos pontos de vendas do segmento.
Nos salões de vendas das lojas de construção, o que se vê são lojas vazias dias de semana e lojas abarrotadas aos sábados pela manhã, num sinal claro de concentração de atendimento e numa igual ausência de solução.
Produtos commodities do tipo cimento, ferro e assemelhados podem ser comprados por telefone, mas quando nos deparamos com produtos que exigem gosto ou mesmo mal gosto; ver, tocar, conversar são indispensáveis, e deste modo a carência de horários para isso compromete a viabilidade de escolha, e faz as grandes empresas perderem espaço para as lojas de bairros, pois o quesito proximidade as torna mais competitivas de segunda a sexta.
Nos grandes centros, as grandes Home Centers, já operam faz tempo como grandes lojas de shoppings, com horários extensivos, atendimento intensivo e uso de show room e promotoras de vendas. A pergunta é: por que não iniciamos um atendimento diferenciado?
Ainda é muito comum o uso de vendedores que desconhecem informações de produto, ausência de informações e de layout que potencializem o autoserviço, sistema de informação de acesso simplificado, enfim, ainda é trabalhoso comprar.
Cabe ao marketing facilitar, potencializar, simplificar as oportunidades de mercado e a interface entre o consumidor e a marca, ponto de venda e produtos, gerando uma experiência de consumo gratificante na qual resumidamente o consumidor saia desta com o sentimento de que “valeu a pena” e de que foi tudo feito de melhor forma possível.
Focar os hábitos de consumo do comprador é quase sempre (para ser pouco debochado), mais relevante do que se enquadrar na preferência do vendedor, portanto, horários que permitam um atendimento mais confortável, deve ser privilegiado, entre outras coisas. Construir a casa do cliente e desconstruir a própria marca não é nem de longe algo muito ‘construtivo’, e certamente o pedreiro não vai ser o cara capaz de reconstruir tal estrago.
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
Deixe o seu comentário