Satélite - 23 de junho 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Fevest está batendo a porta, melhor, orbitando a porta e é preciso que a cidade e confecções tirem o melhor proveito possível de tudo isso. Aproveitar é usufruir, não é “tirar proveito”, trazendo tudo para si.

Nesta mentalidade, é preciso que confecções, restaurantes, comércio em geral, hotelaria, todos, consigam sugerir e reforçar outras opções de consumo na cidade, criando um círculo virtuoso.

Quanto às confecções não participantes e que pretendem usufruir dos resultados, cabe questionar a moral e a ética que se esconde por trás deste comportamento, e o quão egoísta é uma iniciativa dessa, e quanto tal comportamento reproduz tudo aquilo que todos reclamamos que atrasa e impede o crescimento de nossa cidade e economia. É preciso menos tolerância e aceitação com esse tipo de comportamento, é preciso parar de orbitar sem contribuir, só focado em usufruir.

Aos participantes é preciso o reforço com seus potenciais e usuais compradores, um telefonema a mais, um email a mais. Gerentes de vendas, vendedores, todos envolvidos em trazer e consolidar, essa ainda frágil posição de polo de lingerie, que Nova Friburgo disputa com outros polos nacionais e com a temida China.

Na recepção é fundamental uma fábrica e/ou loja bonitas, preparadas para receber o visitante, material de ponto de venda, força de vendas treinada, focada e bem-disposta. Programação visual adequada, discurso afinado e positivo.

Nossa APL (arranjo produtivo local) tem peso significativo em nossa economia, quer seja pela quantidade de dinheiro oficial, extraoficial, pelo número de empregos diretos e indiretos. Mas apesar do tamanho, não tem segurança de sua perpetuidade; estamos ameaçados pelos demais polos do país que estão mais agressivos, coesos e melhor posicionados.

Temos que alinhar nosso posicionamento em uma percepção de polo gerador de moda, de conceito, de qualidade, desconstruir o de vendedor de preço baixo e qualidade discutível. Temos que nos preparar para o fim da guerra fiscal, que nos protege em alguns casos e conseguir que nossos políticos obtenham e assegurem competitividade contra outras regiões do país que contam com custos de vida mais baixos, horizontes de progresso menores e que, consequentemente, experimentam menores pressões para confeccionar e entregar seus produtos. Precisamos de mais mão de obra qualificada, não somente em máquinas, mas em comportamento e valores. Precisamos parar de brigar entre si, para estarmos preparados para brigar com a China.

O mercado dá sinais claros de que a China volta — e volta com força. Grandes compradores, indústrias e fornecedores estão do outro lado do planeta trazendo produtos com preços tentadores e qualidade que já preocupa, dada a evolução e melhoria.

Precisamos que a Fevest dê certo. Temos que fazer essa modalidade Satélite vingar. Precisamos que as ações conjuntas ou isoladas, dos participantes, patrocinadores e organização sejam potencializadas pelos demais, e por você, por mim, por todos.

A moda íntima ainda é, e deverá ser por muito tempo, uma solução plausível, real e necessária a nossa cidade, economia e cultura locais. Pensar o futuro de Nova Friburgo pode e deve ser feito, mas ignorar ou negligenciar o presente é tão suicida tanto quanto se acomodar a ele.

Que venha a Satélite e que nos leve a bons lugares.

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