Sapatinho de Natal penhorado! - 2 de dezembro.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Natal lembra Papai Noel? Canções? Ceia e família? Romantismos a parte, Natal lembra... propaganda, tentações, consumismo e dívidas, muitas dívidas!

Apesar de já termos concluído que Papai Noel não existe, bem que poderíamos pedir e ganhar de presente de Natal um sistema bancário mais sério no que tange a política de concessão de crédito.

O processo que norteia o endividamento é quase sempre o mesmo: de um lado consumidores enlouquecidos em busca de possuir, e em tal busca se perdem e extrapolam com louvor sua capacidade de endividamento, ou ainda consumidores que deliberadamente assinam confissões de dívida as quais premeditadamente não pretendem honrar; do outro lado, empresas de cartão de crédito e bancos que dão potencial de crédito, mas não bancam na hora que a coisa aperta e ganham muito dinheiro com o pouco que é pago.

Cheques sem fundo, que quando são reapresentados e se transformam milagrosamente em cheques sustados ou simplesmente permanecem como cheques sem fundo sem que a conta do titular seja bloqueada; cheques pré, que de pré só tem a premeditação de não serem pagos; transações de cartão de crédito que são injustificadamente questionadas e tantos outros artifício que fazem dos lojistas e prestadores de serviço vítimas frequentes de um consumo que blinda o não pagador e onera o bom pagador.

Claro que os custos associados ao risco de crédito são rateados por quem de fato quita sua fatura, vem totalmente grátis, na compra que você faz. Os gnomos e leprechauns, que ajudam o papai Noel, não pagam essa conta, é você! Nós consumidores que gerenciamos nossa capacidade de pagamento temos embutido no total a ser pago por produtos e serviços um coeficiente chamado calote que precisa ser quitado, enquanto os bancos faturam alto cobrando tarifas dos cheques devolvidos e negligenciando parte da política do Banco Central que prega um crédito mais controlado.

Não pagar no Brasil transforma cada não pagador em vítima, quer seja no Natal, quer seja no Dia das Mães, é promoção o ano inteiro: “Compre agora e pague pelo seu colega!” Bem que poderia ser anunciado assim!

É parte da política social do país obrigar o lojista, em especial, a adotar o não pagador para si, e cerceia a capacidade de retomada de bens e valores devidos, e o lojista distribui entre seus clientes e amigos tal custo!

Deste modo um “bom mal pagador” tem em cinco anos seu nome zerado e vida nova na política de crédito, e os credores seus prejuízos rateados entre os bons pagadores.

Soma-se ao custo alto da concessão de crédito o alto custo dos juros no Brasil, incentivado pelo maior dos maus pagadores, que é o governo. Deste modo, financiar encarece drasticamente o processo do consumo e torna divertido ver, nos anúncios de Natal, parcelamentos em 12, 18, 60 meses sem juros frequentemente exibidos por aí. Isso é o que eu chamo de milagre econômico, ou seria melhor chamar de milagre de Natal!

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.