Resultado e processo

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Esta semana perdemos um friburguense morto a tiro de fuzil no Rio de Janeiro, o subtenente Gripp, gente de primeira que tive o prazer de trabalhar junto. Um pai, um filho, um marido, uma pessoa do bem. Morreu pelas mãos do tráfico de drogas, morreu pelo prazer egoísta do playboy que ao acender seu baseado ignora o rastro de sangue que a fumaça de seu cigarro tenta ocultar.

Nós temos o repetido comportamento de insistir em desvincular causa e consequência.

Como alunos que não querem estudar, mas querem se formar, como consumidores que querem ter, mas não querem pagar, como funcionários que não querem trabalhar mais, mas querem ganhar mais, como gestores e marcas que querem mais resultado, mas não querem correr mais riscos ou fazer mais bem feito. Todos parecem mirar em suas chegadas ignorando o percurso e todas as estratégias necessárias para isso, e terminam por se revoltar com a impossibilidade do triunfo.

Como professor universitário vejo com frequência muitos alunos focados apenas no terminar dos estudos, e esquecem que o saber, o aprender, o relacionar-se, o vivenciar é parte fundamental do processo de formar-se. 

No processo de liderança o mesmo acontece. Chefias, líderes, donos, querem resultados específicos sem destinar tempo, processo, recursos, estrutura, exemplo e comportamento que possibilitem tal alcance. O comando precisa ser impecável na capacidade de mirar o alvo do negócio e conseguir percorrer todo o trajeto sem se desviar mais do que o necessário dele. Colocar energia, coragem, equipe e foco neste ponto. Vejo com certa frequência em consultoria empresas que tem um planejamento estratégico, seja ele formal ou informal, sem nenhuma capacidade executiva, enquanto do outro lado vejo empresas que não têm nada escrito em lugar algum, mas que não se desviam de seu objetivo. Por quê? Porque há uma noção exata de causa e consequência, há o perfeito entendimento do que se faz e qual o resultado disso no objetivo principal. 

É preciso entender que quando falamos do objetivo não estamos falando do prazo do objetivo, erro comum também na relação causa e consequência. É como um aluno que quer ter vida mansa. Se ele quer já, a recomendação básica é: largue a faculdade. Mas se quer no futuro, estude muito para ser o melhor. O mundo recompensa os melhores. Se uma empresa quer resultado de aumento de margem em curto prazo, reduza custo, pare os investimentos, diminua equipe, mas no longo prazo a empresa quebra. Assim se o objetivo é lucro no longo prazo, aumente os investimentos, modernize a estrutura, treine a equipe, aplique gestão e no longo prazo terá rentabilidade melhor via de regra.

Então a definição do objetivo, prazos, estratégias e leitura de cenários garante na ótica de que para cada ação existe uma reação. Funcionários e marcas também padecem da síndrome do cigarrinho inofensivo de maconha que na verdade mata, ou seja, não percebem que a ação promocional de mau gosto afeta a marca, ou que a pontualidade em ir embora e o descaso na chagada comprometem a promoção, e assim por diante. 

Não adianta fugir, ignorar, simular ou fumar. Há uma direta condição entre o que fazemos e o que colhemos, entre o que escolhemos e o que proporcionamos, quer seja como gestor, como equipe, como ícone ou como usuário. 


"Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto

de Administração e Gerência da PUC/RJ, pós-graduado em Engenharia Ambiental,

professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”

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