Repetir até virar hábito

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Semana passada dediquei dois dias inteiros ao congresso de Alta Gestão na Fecomércio de São Paulo, evento marcado pela presença de altos gestores de grandes empresas. Num mar de presidentes, VPs, CEOs e alta diretoria, alguns conhecimentos viraram ensinamentos, e alguns comportamentos, mantras. É papel da alta gestão disseminar a cultura de sua empresa.

Numa crise geral de valores — e isso ficou claro, que a dificuldade também atinge grandes marcas — quase todos acabaram direta ou indiretamente abordando esse tema, de como precisamos contagiar as pessoas com a causa, propósito ou razão de aquela empresa existir.

Sempre tive em mim a certeza de que algo maior nos move a fazer algo. Nada, absolutamente nada contra dinheiro, mas é sensacional aliar remuneração e a realização de um trabalho, onde o modo como ele é feito, o porquê de ele ser feito e a herança dele deixem um amplo e significativo rastro positivo.

Entre os altos nomes de empresas como Unimed Brasil, Amil, Linkedin, Fundação Dom Cabral, Totvs, TAM, NET, Avaya, entre outros, chamou a atenção Ladmir Carvalho, da nossa Teresópolis, único da Região Serrana e um dos poucos do estado do Rio de Janeiro. Foi dele frase: Forçar até virar hábito. Referindo-se à inovação e depois transbordando para a cultura da empresa como um todo.

Há uma inegável crise de valores no mercado, onde empresas pretendem aumentar seus ganhos, colaboradores também e trabalhando menos, e consumidores esperam cada vez mais, pagando menos. Para complicar tudo, precisamos ainda fazer isso num ambiente mais volátil, com compradores mais irritados, concorrentes mais hostis e colaboradores mais individualistas.

Repetir até virar hábito!

Temos que transbordar a essência, causa, razão, motivo pelo qual nossa empresa existe, quais propósitos nos movem e quais consequências esse bom trabalho gera e a qual cadeia de valor ele pertence. Feito isso, precisamos ser capazes de captar pessoas sensíveis a essa causa e envolvê-las, diariamente, eternamente, até virar hábito, o saudável hábito de fazer parte de algo maior, algo melhor, algo onde possamos cada um fazer a diferença, seguindo a máxima que sozinhos somos bons, mas juntos somos imbatíveis! 

Gerar pessoas capazes de ter algo mais que contracheque, marcas com algo mais que logotipos e gestores, além de resultados financeiros, parece ser uma alternativa necessária a um tempo de pessoas sem tempo, quer seja pela correria emprestada pela tecnologia ou pelo simples fato de se ocuparem para não se depararem com a falta de propósito. Seja qual for a razão, parece inevitável achar uma razão. E acredito que não cabe apenas a empresas, mas a famílias, escolas e universidades também. Afinal, só mesmo junto poderemos mudar tudo que há a mudar. Repetir até virar hábito, mudar até virar hábito.


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.