Quando foi que eu virei sócio da sua empresa? - 15 de dezembro 2011

sexta-feira, 06 de abril de 2012

Desde os remotos tempos que é da atividade empresarial arcar com os custos de seus funcionários, seu treinamento e processos de controle de resultados.

Deste modo, esperar que os funcionários sejam remunerados de forma direta por mim, por você, amigo leitor, ou pelo cliente, além de surreal, é totalmente constrangedor. Caixinhas de papelão cansadas, embrulhadas em papel de presente usado, com um corte grotesco para caber qualquer moeda ou nota amassada se proliferam por cima de balcões próximos aos caixas de pagamento das lojas, e o mais aterrorizante, algumas de lojas de algum padrão, sob o olhar pidão do vendedor, este lhe deseja um feliz Natal, bem interesseiro para amolecer seu coração já surrado pelas compras intermináveis e, principalmente, apoiado pela crença, por ele, vendedor, depositada em ti, consumidor, de que seu caçula vai ganhar a bicicleta esse ano financiada por você.

Enquanto lojas deveriam estar usando o discurso de: parte do que você compra aqui, vai para instituição carente, ou alguma ação de responsabilidade social, não, o discurso é mais direto, no melhor estilo “papo reto” eles vem de: ajude meu funcionário a ter uma vida melhor.

Para evitar ou arcar com o comportamento de vendedores aborrecidos, empresários fazem vista grossa e delegam a clientes uma responsabilidade que nunca foi, nem nunca será, deles—pagar pelos vendedores de forma direta.

Contratando vendedores carentes, que só faltam falar em coro choramingoso: eu podia estar roubando, eu podia estar matando, mas estou aqui pedindo, honestamente, sua contribuição para a nossa caixinha porque nosso patrão é um miserável que nos paga muito mal e não tem vergonha nenhuma de transferir para você essa responsabilidade... alguns varejos seguem ignorando o bom trato aos clientes e colaboradores.

A gorjeta está instituída nos bares, hotéis e engraxates, mas na loja de ferragens, na loja de roupas, na sapataria não rola! Bom atendimento, ainda que guardadas as devidas proporções do boteco para o gourmet, da loja de sapato à cadeia de sapatarias, é default, ou seja, é obrigatório, inegociável e esperado e não carece de pagamento adicional.

A imagem da empresa fica manchada pelo comportamento amador, constrangedor e inadequado. Gerir a qualidade do atendimento, motivar a força de vendas e gerenciar custos é obrigação do gestor e nunca do cliente. Atender com cortesia, conhecimento técnico e fair play é condição sine qua non para engordar as vendas, não somente no Natal, mas por todo o ano.

Sei que natal é época de amolecer o coração, mas esse papo de caixinha é coisa de miolo amolecido. Treinamento, arrojo e metas garantem um Natal bem mais feliz para quem compra, para quem vende e para quem gerencia o processo no ponto de vendas.

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