Política e mercado

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A capacidade de geração de negócios está diretamente atrelada à capacidade do Estado (poder público) de nos deixar prosperar. É notório que o Estado é incapaz de ajudar, seu histórico pífio em cuidar do que lhe é obrigação (como saúde, educação e segurança pública) demonstra, para qualquer leigo, sua limitação em gerir o que é de todos, e demonstra uma vocação irrefutável em tratá-la como se fosse de ninguém. Mas contrariamente à sua incapacidade de ajudar, possui imensa capacidade de atrapalhar empresas, pessoas, cidades, etc.

Decisões de infraestrutura que demoram a se materializar e têm também em suas consequências efeitos de longo prazo, pavimentam um imenso rastro de prosperidade quando disponíveis e de enorme limitação quando não executados.

O poder público precisa de novos modelos de gestão, implementando índices quantitativos e qualitativos, metas e exigências curriculares para seus colaboradores e uma visão muito mais profissional do que política. Precisa respeitar seu capital humano e reconhecer e recompensar quem atinge e responde a tais índices, em vez de tratá-los quase sempre como máquina de manobra eleitoral.

Bairros, cidades, estados e o país não podem permanecer reféns de oportunistas, demagogos, corruptos e/ou bandidos como diariamente somos obrigados a nos deparar em cadeiras do Executivo ou Legislativo. O empresário, seja ele pequeno, médio ou grande, precisa de horizonte para investimento, precisa de redução de risco, precisa de espaço para trabalhar e trazer consigo uma legião de empregos, riqueza, serviços, oportunidades e impostos.

O Estado precisa assumir seu lugar estratégico, não operacional, seu lugar de cuidar do interesse maior e não do seu. É impossível permitir crescimento com uma visão onde o poder público, em sua quase totalidade, dedica-se ao seu interesse pessoal e político, deixando órfão a população pela qual foi escolhido para representar.
O mundo crescerá 3,5% em média este ano, colegas do Bric, como China e Índia, crescerão 7%, nós encolheremos 1%, numa terra onde a riqueza mineral e vegetal brota quase espontaneamente e onde a população cresce a taxas ainda bem acima do adequado. 

Investir no Brasil é ainda um risco grande, para brasileiros quase sempre uma sentença, mas para o estrangeiro cada vez menos interessante, tudo isso muda o fluxo do dinheiro produtivo, restando apenas o especulativo, atraído por taxas de juros altas motivadas por um governo gastador e mal pagador. Isso encarece seu pão, seu cinema, seu futuro.

E que fique claro: todos temos direito não apenas ao pão, mas ao lazer e à prosperidade, principalmente num país onde políticos vivem como reis e gozam de fórum privilegiado para tudo, até para viver.

2015 começou difícil, deve ficar pior, não porque medidas inadequadas estão sendo tomadas, mas porque medidas necessárias foram postergadas em nome de uma eleição. Em meio aos interesses políticos, quem emprega, quem trabalha, quem sustenta a política vai precisar trabalhar mais duro e ainda torcer para continuar podendo empregar e/ou trabalhar.

Ainda vai levar muito tempo para que a política entenda que ela trabalha para o país, enquanto isso, o país, o mercado e você, todos vamos ter que continuar trabalhando para ela.

“Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de Administração e Gerência da PUC/RJ, professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação.”

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