Papai Noel – os dois natais

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Faltando um mês para o natal o mercado de ofertas explode agora nesta reta final. Vitrines, ofertas, linguagem e vontade de vender, tudo precisa estar impecável. Do outro lado consumidores que juraram comprar tudo que não puderam durante o ano, mas que também juraram não se enrolar nas prestações.

Todo ano trava-se um duelo entre as forças do mercado. No canto direito: vendedores. No canto esquerdo: compradores. São ofertas versus juízo, oportunidades de compra não planejadas diante de orçamentos pré-direcionados. Senhoras e senhores, gnomos e criancinhas, está aberta a temporada de caça ao dinheiro, também conhecida como natal!

Seja varejo ou seja serviço, seja focado na venda por impulso, seja na ação institucional, o vendedor precisa estar preparado e focado neste momento. O natal traz sentimentos de renovação, família, coisas boas e esperança, assim a massa consumidora tende a simpatizar com quem demonstra afinidade com a data. 

Assim, quem está na chuva precisa estar encharcado de ho ho ho. Ser natal desde garotinho é parte do show de quem vende. Obter simpatia do consumidor é fundamental, não apenas nas vendas de fim de ano, mas durante todo o ano e um passo neste caminho é dado nesta época.

Gorrinhos de natal e sorriso no rosto são uma ótima estratégia para quem pretende faturar neste natal. O apelo natalino desarma o juízo do consumidor, o deixa mais pré-disposto a comprar, recompensar a si e aos seus, inclusive pela entrada do décimo terceiro, que cria uma eufórica sensação de abundância financeira e capacidade de consumo amplificada.

O consumidor carrega em si muitos sentimentos e expectativas. Presentear é um ato, socialmente construído, que traz prazer a quem dá e a quem recebe, assim é um instrumento poderoso, e negociar isso no processo de venda é importante. 

Assim a máxima de vendas que determina a relevância da sondagem está mais do que nunca na moda neste natal. Entender a quem se dá o presente e qual é essa relação sentimental e social são informações importantes para uma venda mais assertiva, mais rápida e sobretudo mais cara. 

Falando em informação, é preciso que a turma do gorrinho tenha feito seu dever de casa e seja capaz de gerar detalhamento dos produtos que revende. É absurdamente comum saber mais, como comprador, de um item, do que aquele que é responsável por vendê-lo. Fato, logicamente, errado e improdutivo. 

Outro processo importante do vendedor, ainda necessário nas vendas de natal, é respeitar o espaço que o comprador deseja. Marcar em cima pode ser sinônimo de sufocá-lo e isso pode fazê-lo ir tocar seu sininho em outra vizinhança.

De outro lado do processo o comprador trava suas batalhas internas e tem muitas compras e, via de regra, pouco tempo e paciência em realizá-las, e somando-se a isso seus muitos processo de resolução. Há o que saiba bem o quer, ou acredita saber, há o que não faça ideia do que comprar, há o que não sabe resolver, e quanto mais opções mais frustração. Assim compreender quem é o comprador é também um dever de casa de qualquer elfo comprometido com um feliz natal.

Seja de qual lado você estiver neste natal, é bom estar bem preparado. Ano após ano o processo de compra e venda acusa sempre mais competitividade e presenteia com mais profissionalismo. Vendedores pressionados por metas, compradores pressionados por prestações vencidas, todos jurando terem se comportado muito bem durante todo o ano, e desejam um natal dos seus sonhos, mas que pode ser o pesadelo do próximo.


Roberto Mendes é publicitário, especialista em marketing pelo Instituto de

Administração e Gerência da PUC-Rio, pós-graduado em Engenharia Ambiental,

professor titular da Universidade Candido Mendes e sócio da Target Comunicação 

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