O marketing está acabando?! - 18 de agosto 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

No passado, as indústrias, ainda sem saber o impacto que suas marcas e o modelo econômico que se desenhava em plena revolução industrial teriam sobre o planeta e suas gerações seguintes, estruturaram seus negócios priorizando o processo industrial. A forte cultura de como fazer ganhava destaque e impulsionava as então nascentes indústrias.

Na briga por destaque um novo parâmetro passou a ser meta: produtos duráveis, de qualidade e prontos a um mercado sem nenhum foco, ainda, na cultura de reposição de produto.

Há cem anos o mercado ainda era tímido, de capacidade bem limitada e a estratégia de produtos tão duráveis acabou por gerar excedentes produtivos e estoques em fábricas. Era preciso mais uma etapa no ciclo evolutivo e competitivo das empresas e mercado. Surge a era de vendas onde as técnicas e especialistas de vendas se tornam o que havia de mais importante, era a única saída para produtos bem-produzidos em processos controlados.

Vendas dominadas, uma nova crise se instalou e o crescimento de mercado, tão necessário ao modelo econômico, até hoje, ainda vigente, estava mais uma vez impossibilitado, pois os apelos de vendas quando igualados por todos os players não assegurava mais crescimento, preferência e lembrança.

Eis que surge o marketing, mudando de forma importante o mercado, que até então olhava para dentro do processo fabril e determinava o que fazer. Fords T preto eram os que convinham, geladeiras e máquinas de lavar brancas era o que determinavam os fabricantes e finalmente a indústria resolveu olhar seu cliente e fazer o que ele queria. Carros de vários modelos, geladeiras coloridas, produtos menos duráveis e mais acessíveis, o mercado se transformou e ganhou velocidade. Tecnologia e marketing escreveram a história que hoje vivemos. O marketing sintonizado nas palavras e conceitos que vivem dentro de nós, utilizando nossa caixa de ressonância “cerebral”, mas principalmente a “torácica”, com discursos racionais e emocionais, nos fez comprar Tamagoshis e carro novo todo ano, e a tecnologia, permitiu softwares que “morriam” se não fossem “alimentados” e injeções eletrônicas e computadores de bordo cada vez melhores.

Mas a pergunta é: até quando nosso orçamento, nosso planeta e o modelo econômico, baseado em crescimento, vão sustentar tudo isso?! Como espectadores da história, hoje sejamos talvez os atores de uma nova grande mudança, não mais orientado no que o consumidor quer, mas no que todos os demais entendem que você consumidor deve deixar de consumir para que o planeta se viabilize enquanto buscamos um novo modelo econômico que possa permitir o desenvolvimento humano apesar do não crescimento da economia mundial.

Será que valores como preservação ambiental, reciclagem, uso intensivo de mão de obra em detrimento a máquinas, imperfeições humanas ao invés de padronização de máquinas, uso de matérias-primas que restrinjam o uso, mas ampliem a sustentabilidade e diminuam a reposição serão caminhos a serem reescritos?

Nada tem respostas, mas as perguntas são sempre o início do fim. Assim fica a pergunta: A era do marketing está acabando?!

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