O mais ou mais um?!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Diz a lenda que todos precisamos ser mais. O mais bonito, o mais inteligente, o mais rico, o mais gentil, o mais alguma coisa! Não dá pra ser o mais em tudo, mas você tem que arrumar ao menos um “mais” para ser.

Nosso cérebro coleciona “mais”... tem adoração por “mais”...nascemos somando e diminuindo, ou seja, nosso pensamento e memória têm uma tendência a apoiar-se nos extremos, e só assim achamos as médias, mas sobre tudo assim selecionamos os preferidos e os detestados.

Nesta lógica do “seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito” (Apocalipse, capítulo 3, versículo 16), o mercado age da mesma forma no que se refere à lembrança. Escolhemos lojas, marcas, produtos, tudo pelo “mais”, e recusamos tudo que seja o “menos”.

Na lógica do nosso cérebro, e não tente reinventar essa roda, as estratégias de mercado se apoiam em transformar marcas, produtos, serviços, lojas e redes em “as mais” ou de figurarem entre “as mais”.

Preços prometem ser os mais baratos; gente promete ser o melhor atendimento; localização—o melhor acesso; características—o melhor produto; conceitos prometem a melhor marca, e, de melhor em melhor, as distinções vão sendo feitas e seu bolso arcando com cada reconhecimento desse. Vale mencionar que, no melhor estilo “político de plantão”, promessas são feitas, mas daí às realizações vai um enorme hiato.

Há muitas marcas e opções. Um consumidor médio guarda no máximo sete marcas, quando tem um pouco mais de interesse na categoria, se não, apenas duas ou três. Experimente: pense em marcas de café, de detergente, de carro e de esmalte. Viu a diferença?! As que você se interessa sabe mais, as que não se liga, sabe uma ou nenhuma.

Se há muitas possibilidades e pouco lugar para guardar, como decidimos?! Os melhores guardamos para nós, os piores ficam guardados, mas com alerta de “mantenha-se afastado” e os resto fica no limbo e não raramente, até quando os melhores não resolvem, esquecemos, o resto nasceu para ser esquecido por nossos cérebros programados para guardar os “mais e menos”.

Deste modo, justo ou não, que premia os percebidos como “mais” é fundamental que todos os esforços caminhem numa única direção. Utilize o atributo principal eleito pelo seu cliente. Promessas demais não funcionam, pois não guardamos muitos atributos, tão pouco os atributos escolhidos por você, à revelia do seu cliente. Qualquer erro neste processo joga sua marca na vala comum do “mais um” e não do “mais querido”, e estar no “mais um” é não estar na lembrança, no preferido, no que vence o jogo do consumo. Se não pode agradar a todos, cuide e prospere na estratégia do “agrade em tudo a quem puder”.

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