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Não existe almoço grátis - 12 de maio 2011
O que mais vemos no mercado são ações e promoções “de grátis”! (Permitam-me o grave ferimento à nossa língua materna).
As propagandas anunciam em bom tom aos inocentes — quero crer que em sua maioria são lobos disfarçados de ovelha — o álibi buscado: GRÁTIS. Mas o que é grátis senão uma desculpa perfeita para comprar aquilo que se quer, mas não se deve, com o dinheiro que não se tem? O que é o Grátis senão o melhor álibi pro consumo?!
Como mágica podemos possuir, usar, ter, sem precisar pagar nada por isso. Como isso é possível? Como na mágica, sabemos que magia não existe, o que existe é um truque, assim onde está o truque? Onde está Wally?!
Pouco a pouco o grátis vai se tornando pago, veja o exemplo do New York Times, que agora está cobrando por seu conteúdo na internet, seguindo a iniciativa de outros como Wall Street Journal e o Financial Times. Mas e daí?!
E daí que o mundo gratuito — da internet, em especial — cada vez mais vai mostrando um mundo que não se sustenta apenas de publicidade, ou ainda que sim, quer mais, quer o seu dinheiro também além do dinheiro daqueles que querem o seu dinheiro.
É, amigo(a), seu dinheiro está sendo observado por muita gente. O curioso que todo mundo quer o seu dinheiro, mas diz que tudo é grátis. Vai entender!
Estamos nos acostumando com uma série de confortos e facilidades: e-mails grátis, acesso à TV, navegação, pesquisas, rotas e mapas, telefonia VoIP, HD virtuais... No melhor estilo “traficante de drogas”, que te libera no início e te esfola depois, vamos seguindo numa das vertentes do gratuito.
Outra vertente forte da estratégia do grátis são os brindes onde discretamente se embute ou se atocha (pra ser mais direto) uma vantagem que logo-logo se mostra compulsória, transitória e/ou muito bem paga.
Há promoções equilibradas, mas é indiscutível a presença de ações lesivas, mentirosas e manipuladoras que sobrevivem da natureza de clientes que acreditam que são mais espertos do que qualquer empresa e na certeza de serem favorecidos acabam usurpados.
É sabido que o grátis jamais existiu, sempre haverá motivações comerciais e objetivos lucrativos por trás de cada ação, o que é preciso sempre estudar é se tal vantagem assume dupla validação ou se é unilateral a favor da empresa.
Enquanto tivermos culpa e/ou desejo em comprar teremos o assombro do grátis em nossa jugular, soprando suavemente, mas incisivamente em nossos ouvidos um persistente: “Compre Batom, Compre Batom...”
A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.
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